O Fundo das Nações Unidas para
a Infância (Unicef) reuniu 22 instituições públicas, institutos de pesquisa e
movimentos sociais para criar o Comitê para a Prevenção de Homicídios de
Adolescentes no Rio de Janeiro. A iniciativa foi lançada ontem (10) e é a segunda do tipo no Brasil, seguindo
o exemplo do Ceará.
O lançamento foi marcado pela
apresentação de dados alarmantes sobre esses homicídios, além de relatos de
jovens negros e de uma mãe que teve o filho assassinado aos 19 anos.
Segundo o Unicef, 335
adolescentes foram assassinados na cidade do Rio de Janeiro em 2016, e 269
deles eram negros. O Brasil é país do mundo que mais mata adolescentes em
números absolutos. Em 2015, foram 11.403 assassinatos de pessoas de 10 a 19
anos. O patamar supera todas as mortes desse tipo registradas em todos os
países do continente asiático, o que inclui nações em conflito, como a Síria.
A representante do Unicef no
Brasil, Florence Bauer, destacou que a situação do país é grave a nível
internacional, com o registro de 28 mortes de adolescentes por dia.
"Atualmente, é mais
perigoso ser adolescente do que ser adulto no Brasil. A probabilidade de ser
assassinado sendo adolescente mais é alta do que sendo adulto", disse.
"O Brasil fez muito na redução da mortalidade infantil. Vocês salvaram
milhares de vidas a cada ano de crianças que não morreram antes dos seis anos.
Agora, elas estão morrendo na adolescência".
O grupo se reunirá com
regularidade para estudar o perfil dessas mortes no estado e propor soluções
para preveni-las. Participam órgãos como o Ministério Público do Estado do Rio
de Janeiro, Defensoria Pública estadual, três comissões da Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro, as secretarias estaduais de direitos humanos e
segurança pública e a prefeitura do RIo de Janeiro. Pelo lado da sociedade
civil, integram o grupo entidades como o Movimento Moleque, o Observatório de
Favelas e o Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Ceará
A experiência da Unicef com o
comitê do Ceará começou em 2016, quando foi mapeado que Fortaleza era a capital
brasileira com a maior letalidade violenta de adolescentes. O trabalho
realizado permitiu identificar a trajetória desses adolescentes vitimados, o
que evidenciou que, além de negros e pobres, eles também estavam, em muitos
casos, afastados da escola há mais de seis meses.
"Isso permite orientar a
politica pública. Ficamos sabendo que a escola, além de ser importante para a
formação da criança e do adolescente, é uma forma também de proteção", disse
Florence, que contou que os dados ajudaram a fortalecer as ações de busca
ativas por crianças e adolescentes que estão fora da escola.
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