terça-feira, 19 de setembro de 2017

Professor que comparou cerveja escura a mulher negra se torna réu por racismo

A 2ª Vara Federal de Campos aceitou denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra o docente Maurício Nunes Lamonica,  do Instituto Federal Fluminense (IFF), em Campos dos Goytacazes, no norte do estado. O professor sera , será investigado pelo crime de racismo. 

Em março do ano passado, o professor postou mensagem nas redes sociais comparando a mulher negra a uma cerveja escura. Em uma foto segurando uma cerveja, ele disse:
“Para ninguém achar que eu não gosto de afrodescendente”. E acrescentou: “Nega gostosa. Uh! Foi mal”.

Para Justiça Federal, a declaração do professor sugere desprezo pela população negra e se encaixa em discriminação pela cor de pele. Na denúncia, o MPF reforça que o racismo não está apenas na comparação entre a cerveja e as mulheres negras, mas também na ironia.
Os procuradores destacam também o fato de a agressão ter sido feita por um professor, que tem o papel de educar, e ter sido disseminada pela internet, com rápida repercussão.

Na época, o professor foi denunciado pela Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Campos, que elaborou uma notícia-crime contra Lamonica.

O racismo coloca em risco a vida das mulheres negras

O movimento de mulheres negras chama atenção para a relação entre machismo e racismo, que reforça estereótipos de gênero e contribui para aprofundar desigualdades.

 A coordenadora da organização não governamental Criola, Lúcia Xavier, vem alertando para a sexualização de mulheres negras, que tem um fundo histórico, e é responsável pela desvalorização da vida delas. O resultado, afirma, está no crescente índice de violência.
Pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS) constatou, por exemplo, que o número de mortes violentas de mulheres negras aumentou 54% em dez anos, entre 2003 e 2013, chegando 2.875 vítimas. No mesmo período, homicídios de mulheres brancas caiu 9,8%.

Defesa
O advogado do professor do IFF, Amyr Moussalem, afirmou que Lamonica não foi notificado e prefere não se pronunciar. Ele adiantou, no entanto, que o acusado vem participando de diversas audiências sobre o tema e inclusive já se retratou publicamente.

Por meio da assessoria de imprensa, o Instituto Federal Fluminense informou que na época do ocorrido abriu um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do professor e decidiu pela aplicação de uma advertência. Segundo o instituto, ele ficou afastado das atividades durante o processo e atualmente voltou a dar aulas no ensino médio.

  • Por Raquel Júnia - Repórter do Radiojornalismo/ Colaboração  Isabela Vieira - Agência Brasil
  • Redição : Mônica Aguiar  
  • Foto : Blogueiras Negras . Cartaz adaptação da campanha  " SUS  Sem Racismo" de 2014.

4 comentários:

Claudio Torres João disse...

Tinha que continuar fora da área de ensino e da sociedade...cara idiota

Mulher Negra disse...

Concordo plenamente .

Anônimo disse...

A "naturalização" do racismo tem que acabar.
O professor é formador de opinião e deve policiar sua fala. Deve estudar e ter consciência do seu papel formador.
Ele deveria ficar afastado e ter como ação educativa, cursos sobre conduta antirracista e feminismo.
Estude professor.
Nós precisamos estudar o tempo todo e nos fortalecer para a desconstrução do racismo e do machismo.

Roberto Cavalcanti de Albuquerque disse...

Felizmente, em sessão de julgamento do habeas corpus por mim impetrado, realizada em 25/10/2017, os desembargadores do TRF-2 foram unânimes em cassar essa excrescência jurídica, e Maurício Nunes Lamonica livrou-se deste processo absurdo. Prevaleceu o bom senso!

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