Você sabe quem foi Dandara do Quilombo dos Palmares? O que ela representa? Se você é uma mulher negra, feminista deve saber. E sabe dizer quantas vezes ela foi representada em alguma obra? Há um esvaziamento dessas informações. Essa invisibilidade da participação da mulher negra na história de liberdade dos negros no país foi o que impulsionou a escritora pernambucana, Jarid Arraes, a escrever o livro As Lendas de Dandara. Uma obra que mistura a história real de luta de quilombolas no Brasil e lendas sobre a existência da guerreira negra, mais conhecida como a mulher de Zumbi, principal líder do Quilombo dos Palmares, já que a historiografia não dispõe de informações muito precisas sobre ela. Publicada de forma independente pelo selo Liro Editora Livre, a contribuição artística ficou por conta da também escritora e ilustradora, Aline Valek.
No livro estão as impressões de Jarid sobre a vida de Dandara desde o seu nascimento. Explicando sua origem, que inclusive, acontece de uma maneira curiosa: a guerreira foi gerada para libertar os escravos por Iansã, uma yabá – termo refente aos orixás femininos no Candomblé – ligada aos ventos e às batalhas.
“É difícil encontrar livros que tenham mulheres negras como protagonistas. É difícil também conseguir publicar depois que a obra está pronta”, conta a autora sobre a dificuldade que a literatura negra encontra no mercado brasileiro. Jarid é uma cidadã que luta contra o machismo, o racismo, a gordofobia e o preconceito contra nordestinos, produzindo conteúdos voltados diretamente para o ativismo e a percepção feminista do mundo.
É importante frisar que a repercussão de um dos conteúdos produzidos por Jarid, o texto ‘E Dandara dos Palmares, você sabe quem foi?‘, publicado pela autora na coluna Questão de Gênero da revista Fórum, a impulsionou a escrever o livro. Abaixo do texto, comentários que negavam a existência da guerreira, dizendo que Dandara dos Palmares não passava de uma lenda, desafiou Jarid a escrever dez contos com muita aventura, suspense, acontecimentos sobrenaturais e até um pouco de romance.
“Acho que sem o Feminismo, sobretudo sem o reconhecimento e o apoio de outras mulheres, eu talvez não tivesse me tornado escritora, porque eu não teria rompido as barreiras que a falta de representatividade, o machismo e o racismo criaram”, afirma Jarid.
Fontes Redação do Correio Nagô. Com informações da Revista Capitolina.
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