Por Mônica Aguiar
Em uma pesquisa internacional do estudo Global Views on Abortion, da Ipsos, edição de 2021, realizada em vários países, constatou que no Brasil cresceu o percentual de pessoas que opinam que o aborto deva ser permitido total ou parcialmente.Neste ano 2021, o percentual chegou
a 64%, enquanto em 2014, o valor foi de 53%.
O termo “permitido” considera realizar o procedimento sempre
que uma mulher assim o desejar. Já o termo parcialmente considera permitido em
determinadas circunstâncias, por exemplo, no caso de uma mulher ter sido
estuprada. Em ambos os casos ouve crescimento a favor dos procedimentos.
Porém, mesmo com este crescimento, este percentual ainda estar
abaixo em relação outros países, colocando o Brasil como o quinto com 31%, menos favorável à legalização total do
aborto em um conjunto de 27 países analisados.
Com baixo apoio ficaram a Colômbia (26%), o México (24%), o Peru
(15%) e a Malásia (14%). Dos países mais favoráveis, estão a Suécia (88%),
Holanda (85%) e França (81%).
Considerando o quadro global e tão díspares, o Brasil mantém entre
os menos favoráveis à legalização total do aborto e, em 2021, chega ao
percentual mais alto em aceitação, possibilitando o debate da descriminalização.
Apesar da pandemia estar sendo o foco de atenção no Brasil, de certa forma,
este resultado obriga de certa forma a bancada evangélica dar um passo atrás.
Ao analisar ano a ano, o apoio à descriminalização do aborto
no Brasil vem oscilando consideravelmente. Entre 2015 e 2019, houve um variação entre 50%
e 61% e, em 2020, voltou a 53%. Agora, em 2021, saltou 11 pontos percentuais.
Que não deixa de ser um avanço, diante o quadro de composição
política na gestão da coisa pública em âmbito nacional, além da influência moral
e religiosa direta que permeiam o tema .
Em uma entrevista na BBCNEWS, dia 21/09/21, a especialista Priscilla
Branco, porta-voz do estudo e gerente de Public Affairs da Ipsos no Brasil,
apontou que fatores internos como o debate público sobre algum Projeto de Lei
acerca do aborto, podem levar a alterações nestes dados em determinados anos e
momentos, assim como os fatores externos.
No Brasil, a movimentação recente de países vizinhos pode ter
levado à maior aceitação da descriminalização do aborto. Deu exemplo a Assembleia
constituinte no Chile, que embora não tenha como foco o aborto, está "mais
inclusiva e feminina". No México, recentemente a Suprema Corte aprovou a descriminalização
do aborto.
Priscila também
considera ser r reflexo de um "amadurecimento" da sociedade
brasileira sobre os direitos das mulheres.
Concordo com Priscila Branco, e digo mais, um pais onde as
mulheres em idade reprodutiva são maioria da sociedade brasileira e estão ocupando
cada dia mais o mercado de trabalho, mesmo com as variante das desigualdades
existentes, a percepção e conscientização da importância sobre autonomia sobre
o corpo contribuem de forma positiva para alterações dos valores morais e
religiosos.
Independente da escolha da religião, as mulheres tem avançado
e muito do seu papel e pautas que influenciam diretamente sua vida financeira, saúde
pública, liberdade e exercício da cidadania.
Nesta pesquisa, as mulheres se mostraram mais favoráveis à
permissão parcial ou total do aborto (73%) do que os homens (69%). Na afirmação
"o aborto deve ser permitido sempre que uma mulher assim o desejar"
teve apoio de 50% das mulheres e de 43% dos homens.
Ao analisar a pesquisa considerado o grau de escolaridade, pode
ser observado também uma pequena variação quanto ao percentual de pessoas
favoráveis parcial ou totalmente à descriminalização do aborto: este foi de 74%
entre aqueles com grau mais alto; de 70% no nível de educação médio; e 66% com
grau baixo.
A pesquisa global sobre a permissão ao aborto foi realizada em plataforma online com cerca de 20 mil pessoas, 1.000 delas no Brasil. Para o país, a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
Fonte: BBCNews
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