terça-feira, 28 de setembro de 2021

PESQUISA APONTA “CRESCE APOIO AO ABORTO ENTRE PESSOAS NO BRASIL”

Por Mônica Aguiar

Em uma pesquisa internacional do estudo Global Views on Abortion, da Ipsos, edição de 2021, realizada em vários países, constatou que no Brasil cresceu o percentual de pessoas que opinam que o aborto deva ser permitido total ou parcialmente.

Neste ano 2021, o percentual chegou a 64%, enquanto em 2014, o valor foi de 53%.

O termo “permitido” considera realizar o procedimento sempre que uma mulher assim o desejar. Já o termo parcialmente considera permitido em determinadas circunstâncias, por exemplo, no caso de uma mulher ter sido estuprada. Em ambos os casos ouve crescimento a favor dos procedimentos.

Porém, mesmo com este crescimento, este percentual ainda estar abaixo em relação outros países, colocando o Brasil como o quinto com 31%, menos favorável à legalização total do aborto em um conjunto de 27 países analisados.  

Com baixo apoio ficaram a Colômbia (26%), o México (24%), o Peru (15%) e a Malásia (14%). Dos países mais favoráveis, estão a Suécia (88%), Holanda (85%) e França (81%).

Considerando o quadro global e tão díspares, o Brasil mantém entre os menos favoráveis à legalização total do aborto e, em 2021, chega ao percentual mais alto em aceitação, possibilitando o debate da descriminalização. Apesar da pandemia estar sendo o foco de atenção no Brasil, de certa forma, este resultado obriga de certa forma a bancada evangélica dar um passo atrás.  

Ao analisar ano a ano, o apoio à descriminalização do aborto no Brasil vem oscilando consideravelmente.  Entre 2015 e 2019, houve um variação entre 50% e 61% e, em 2020, voltou a 53%. Agora, em 2021, saltou 11 pontos percentuais.

Que não deixa de ser um avanço, diante o quadro de composição política na gestão da coisa pública em âmbito nacional, além da influência moral e religiosa direta que permeiam o tema .

Em uma entrevista na BBCNEWS, dia 21/09/21,  a especialista   Priscilla Branco, porta-voz do estudo e gerente de Public Affairs da Ipsos no Brasil, apontou que fatores internos como o debate público sobre algum Projeto de Lei acerca do aborto, podem levar a alterações nestes dados em determinados anos e momentos, assim como os fatores externos.

No Brasil, a movimentação recente de países vizinhos pode ter levado à maior aceitação da descriminalização do aborto. Deu exemplo a Assembleia constituinte no Chile, que embora não tenha como foco o aborto, está "mais inclusiva e feminina". No México, recentemente a Suprema Corte aprovou a descriminalização do aborto.

 Priscila também considera ser r reflexo de um "amadurecimento" da sociedade brasileira sobre os direitos das mulheres.

Concordo com Priscila Branco, e digo mais, um pais onde as mulheres em idade reprodutiva são maioria da sociedade brasileira e estão ocupando cada dia mais o mercado de trabalho, mesmo com as variante das desigualdades existentes, a percepção e conscientização da importância sobre autonomia sobre o corpo contribuem de forma positiva para alterações dos valores morais e religiosos.  

Independente da escolha da religião, as mulheres tem avançado e muito do seu papel e pautas que influenciam diretamente sua vida financeira, saúde pública, liberdade e exercício da cidadania.

Nesta pesquisa, as mulheres se mostraram mais favoráveis à permissão parcial ou total do aborto (73%) do que os homens (69%). Na afirmação "o aborto deve ser permitido sempre que uma mulher assim o desejar" teve apoio de 50% das mulheres e de 43% dos homens.

Ao analisar a pesquisa considerado o grau de escolaridade, pode ser observado também uma pequena variação quanto ao percentual de pessoas favoráveis parcial ou totalmente à descriminalização do aborto: este foi de 74% entre aqueles com grau mais alto; de 70% no nível de educação médio; e 66% com grau baixo.

A pesquisa global sobre a permissão ao aborto foi realizada em plataforma online com cerca de 20 mil pessoas, 1.000 delas no Brasil. Para o país, a margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.

Fonte: BBCNews

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