sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Racismo cresce, o povo negro resiste !


Por Mônica Aguiar

O racismo opera de formas diversas, é o pilar de sustentação das desigualdades em todos os campos e setores existentes pelo mundo. Mas muitos ainda não acreditam nesta teoria. 
Outros ignoram por ser gestores da manutenção do racismo e suas mazelas. 

O racismo e os racistas interferem diretamente na qualidade de vida de cada cidadão negro e principalmente das cidadãs negras.

O racismo sempre, determinou o papel social, político, econômico, acadêmico e profissional dos negros na sociedade.

Os racistas, de forma nociva, operam para que de fato as coisas aconteçam, sustentando o mito de uma democracia racial baseada em conceitos religiosos e em uma “irmandade de sangue” inexistente.  No Brasil “A moda de viver e aceitar com naturalidade”.

Mas com tantas estratégias para afastar o autoconhecimento do exercício da cidadania, o povo negro fica refém e chegam a sustentar as mazelas do pós escravidão, operando inconscientemente o mesmo sistema que o oprime e segrega.

Aos que lutam pela plena liberdade, em sua maioria, são exterminados, afastados e alijados de setores de decisões importantes, como da política e dos tribunais de justiças.

A falta de incentivo ao reconhecimento identitário, a despersonalização, a falta de conhecimento do papel na sociedade, alimentam a naturalização da marginalização, estereótipos e vulnerabilidade social que nos negros vivemos cotidianamente.  

A ideologia do racismo sempre foi operada e gestada com formas perversas, direcionada somente ao povo negro. 
Reafirmando veladamente e subjetivamente que não somos seres humanos, mesmos estando no mercado formal de trabalho.
Deixamos de ser mercadorias, mas somos ainda considerados meros objetos de produção de riquezas para sociedade branca. 

“O racismo é uma construção que tem uma extensão intelectual muito intensa, que impregnou a mentalidade das pessoas. Portanto, tiro duas conclusões preliminares sobre a pergunta. Uma é que o racismo certamente existe no Brasil e a outra é que ele tem uma dimensão histórica considerável”. (Trecho TEXTO  Permanência do Racismo na sociedade brasileira  ERIKA FERRAZ TEIXEIRA / JOSUÉ DE CAMPOS /MARLENE MÁRCIA GOELZER)

Nesta dicotomia existente, as mulheres negras são as que mais sofrem com o racismo e as práticas racistas. 
As sequelas dos sofrimentos provocados pelo racismo deixam marcas irreparáveis e atingiram profundamente as futuras gerações.

Como considerar a tão falada dimensão histórica?

Basta observar os dados das desigualdades sociais por raça no Brasil.
Basta verificar o anuário de violências existes por raça no Brasil.
Basta verificar os dados de mortalidade de jovens e encarcerados no Brasil.
Basta olhar para o lado enxergar quem está debaixo dos viadutos, enchendo coletivos; carregando pesos; no subemprego; sem escola; analfabetos; com piores salários; desalentados, dentre outros.   

Mas para que isto, seja naturalizado pela sociedade,  existem os gestores do racismo.
Norteiam suas práticas, condutas e conclusões a partir de um lugar que nunca estivemos.

São muitos os fatos que vem marcando neste período as práticas de racismo existente no Brasil. Hojé expostos com maior proporção que antes.

Muitas pessoas da sua forma, tem reivindicado, colocando sua posição e papel operante na sociedade com relação as relações humanas.
Os que cometem práticas racistas tem sido mais denunciados.

Da faxineira ao segurança que são agredidos ao cumprir sua função e são chamados de macacos; do taxista negro que tem corrida negada por ser negro a advogada negra que é retirada da audiência em pleno cumprimento de sua função; da mensagem de vaga de trabalho emprego que proíbe dentro dos critérios a entrada de mulheres negras e gordas as milhares de agressões verbais e insultos racistas  nas redes sociais; da indicação para uma mulher negra parlamentar utilizar elevador social estando dentro do espaço do parlamento aos jogadores negros que são oferecidos bananas em pleno jogos em grandes campeonatos; dos cabelos que são obrigados a alisar as desqualificações nas denúncias de racismo existente nas companhias de balé ........ 

Dai surgem as manifestações de espantos e surpresa de ter uma miss negra; de saber que os maiores cientistas são negros; das grandes desbravadoras, intelectuais, escritoras atrizes ser mulheres negras; das dezenas de destaques ser dado a jovens e mulheres negras; de saber que a sociedade mesmo que oprimida com as práticas de racismo, inicia-se o processo de movimentação ao reconhecer sua importância para economia do planeta.

Isto tem assustados os gestores do racismo, manifestações diversas, operantes estruturais e institucionais tem acorrido em todo o mundo, para barrar este processo histórico e paulatino de autoreconhecimento e reafirmação do povo negro.  

Em São Paulo no período de janeiro de 2017 à maio de 2018, o número de casos de crimes raciais registrados pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) entre janeiro e maio cresceram 65% na comparação com o mesmo período de 2017.

Em 2018, foram 95 denúncias relacionadas aos crimes de racismo e injúria racial na capital do país – um aumento de mais de 70% em relação ao ano anterior.

Minas Gerais, registrou 294 casos relacionados a preconceito por causa da raça, de janeiro a setembro de 2019, sendo 221 de injúria racial e 73 de racismo. Estes números foram divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em maio de 2019, disse que nos últimos cinco anos, recebeu 896 denúncias de casos de discriminação em razão da origem, raça, cor ou etnia nos últimos cinco anos. Só no ano de 2018 foram 205, um crescimento de 30% em relação a 2014. No Brasil, de acordo com os dados mais recentes do IBGE, negros têm as mais altas taxas de desemprego e recebem, em média, salários mais baixos.

 O Observatório da Discriminação Racial no Futebol conclui relatório com dados de 2017 que descreve 77 casos divulgados na imprensa nacional e internacional. Foram 69 no futebol e oito em outros esportes. Coincidentemente, 69 casos foram verificados no Brasil e oito envolvendo atletas brasileiros no exterior. Nos casos verificados no Brasil, 61 foram no futebol, envolvendo 43 atos de racismo contra 10 de LGBTfobia, cinco de machismo e três de atos xenofóbicos. Nos atos de racismo apontados no relatório, 29 ocorreram em estádios, 11 nas redes sociais e três em outros espaços.  A conta até maio de 2019 já apontava para 14 denúncias no futebol brasileiro (12 no estádio e duas registradas no ambiente da internet) fechou até novembro de 2019, com 47 casos em todo pais. Um aumento de 6,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, marcando o maior número de casos de racismo no futebol dos últimos 5 anos. 

Tais fatos se tornam relevantes, pelo tamanho da sociedade que se auto declara negra e pleiteiam o exercício da cidadania como ser humano, dotados de diretos não apena deveres. 
O nível de consciência que pessoas tem alcançado, tem assustado e incomodado os racista e seu sistema operante.

Nenhum comentário:

MAIS LIDAS