Por Mônica Aguiar
O racismo opera de
formas diversas, é o pilar de sustentação das desigualdades em todos os campos
e setores existentes pelo mundo. Mas muitos ainda não acreditam nesta teoria.
Outros ignoram por ser gestores da manutenção do racismo e suas mazelas.
O racismo e os racistas
interferem diretamente na qualidade de vida de cada cidadão negro e
principalmente das cidadãs negras.
O racismo sempre, determinou
o papel social, político, econômico, acadêmico e profissional dos negros na sociedade.
Os racistas, de forma
nociva, operam para que de fato as coisas aconteçam, sustentando o mito de uma
democracia racial baseada em conceitos religiosos e em uma “irmandade de sangue”
inexistente. No Brasil “A moda de viver
e aceitar com naturalidade”.
Mas com tantas
estratégias para afastar o autoconhecimento do exercício da cidadania, o povo
negro fica refém e chegam a sustentar as mazelas do pós escravidão, operando
inconscientemente o mesmo sistema que o oprime e segrega.
Aos que lutam pela
plena liberdade, em sua maioria, são exterminados, afastados e alijados de
setores de decisões importantes, como da política e dos tribunais de justiças.
A falta de incentivo ao
reconhecimento identitário, a despersonalização, a falta de conhecimento do
papel na sociedade, alimentam a naturalização da marginalização, estereótipos e
vulnerabilidade social que nos negros vivemos cotidianamente.
A ideologia do
racismo sempre foi operada e gestada com formas perversas, direcionada somente
ao povo negro.
Reafirmando veladamente e subjetivamente que não somos seres humanos,
mesmos estando no mercado formal de trabalho.
Deixamos de ser mercadorias,
mas somos ainda considerados meros objetos de produção de riquezas para sociedade
branca.
“O racismo é uma
construção que tem uma extensão intelectual muito intensa, que impregnou a
mentalidade das pessoas. Portanto, tiro duas conclusões preliminares sobre a
pergunta. Uma é que o racismo certamente existe no Brasil e a outra é que ele
tem uma dimensão histórica considerável”. (Trecho TEXTO Permanência do Racismo na sociedade brasileira ERIKA FERRAZ TEIXEIRA / JOSUÉ DE CAMPOS /MARLENE
MÁRCIA GOELZER)
Nesta dicotomia
existente, as mulheres negras são as que mais sofrem com o racismo e as práticas
racistas.
As sequelas dos sofrimentos provocados pelo racismo deixam marcas irreparáveis
e atingiram profundamente as futuras gerações.
Como considerar a tão
falada dimensão histórica?
Basta observar os dados
das desigualdades sociais por raça no Brasil.
Basta verificar o
anuário de violências existes por raça no Brasil.
Basta verificar os
dados de mortalidade de jovens e encarcerados no Brasil.
Basta olhar para o
lado enxergar quem está debaixo dos viadutos, enchendo coletivos; carregando
pesos; no subemprego; sem escola; analfabetos; com piores salários;
desalentados, dentre outros.
Mas para que isto, seja naturalizado pela sociedade, existem
os gestores do racismo.
Norteiam suas práticas, condutas e conclusões a partir
de um lugar que nunca estivemos.
São muitos os fatos
que vem marcando neste período as práticas de racismo existente no Brasil. Hojé
expostos com maior proporção que antes.
Muitas pessoas da sua
forma, tem reivindicado, colocando sua posição e papel operante na sociedade com
relação as relações humanas.
Os que cometem
práticas racistas tem sido mais denunciados.
Da faxineira ao
segurança que são agredidos ao cumprir sua função e são chamados de macacos; do taxista negro que tem corrida negada por ser negro a advogada negra que é
retirada da audiência em pleno cumprimento de sua função; da mensagem de vaga de
trabalho emprego que proíbe dentro dos critérios a entrada de mulheres negras e
gordas as milhares de agressões verbais e insultos racistas nas redes sociais; da indicação para uma
mulher negra parlamentar utilizar elevador social estando dentro do espaço do
parlamento aos jogadores negros que são oferecidos bananas em pleno jogos em grandes campeonatos; dos cabelos que
são obrigados a alisar as desqualificações nas denúncias de racismo existente
nas companhias de balé ........
Dai surgem as manifestações de espantos e surpresa de ter uma miss negra; de saber que os
maiores cientistas são negros; das grandes desbravadoras, intelectuais, escritoras
atrizes ser mulheres negras; das dezenas de destaques ser dado a jovens e mulheres
negras; de saber que a sociedade mesmo que oprimida com as práticas de racismo,
inicia-se o processo de movimentação ao reconhecer sua importância para economia
do planeta.
Isto tem assustados
os gestores do racismo, manifestações diversas, operantes estruturais e institucionais
tem acorrido em todo o mundo, para barrar este processo histórico e paulatino de
autoreconhecimento e reafirmação do povo negro.
Em São Paulo no
período de janeiro de 2017 à maio de 2018, o número de casos de crimes raciais
registrados pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância
(Decradi) entre janeiro e maio cresceram 65% na comparação com o mesmo período
de 2017.
Em 2018, foram 95
denúncias relacionadas aos crimes de racismo e injúria racial na capital do
país – um aumento de mais de 70% em relação ao ano anterior.
Minas Gerais,
registrou 294 casos relacionados a preconceito por causa da raça, de janeiro a
setembro de 2019, sendo 221 de injúria racial e 73 de racismo. Estes números
foram divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública
(Sejusp).
O Ministério
Público do Trabalho (MPT) em maio de 2019, disse que nos últimos cinco
anos, recebeu 896 denúncias de casos de discriminação em razão da
origem, raça, cor ou etnia nos últimos cinco anos. Só no ano de 2018 foram
205, um crescimento de 30% em relação a 2014. No Brasil, de acordo com
os dados mais recentes do IBGE, negros têm as mais altas taxas
de desemprego e recebem, em média, salários mais baixos.
O Observatório da Discriminação Racial no
Futebol conclui relatório com dados de 2017 que descreve 77 casos
divulgados na imprensa nacional e internacional. Foram 69 no futebol e oito em
outros esportes. Coincidentemente, 69 casos foram verificados no Brasil e oito
envolvendo atletas brasileiros no exterior. Nos casos verificados no
Brasil, 61 foram no futebol, envolvendo 43 atos de racismo contra 10 de
LGBTfobia, cinco de machismo e três de atos xenofóbicos. Nos atos de racismo
apontados no relatório, 29 ocorreram em estádios, 11 nas redes sociais e três
em outros espaços. A
conta até maio de 2019 já apontava para 14 denúncias no futebol brasileiro (12
no estádio e duas registradas no ambiente da internet) fechou até novembro de
2019, com 47 casos em todo pais. Um aumento de 6,8% em relação ao mesmo período
do ano anterior, marcando o maior número de casos de racismo no futebol dos
últimos 5 anos.
Tais fatos se tornam relevantes,
pelo tamanho da sociedade que se auto declara negra e pleiteiam o exercício
da cidadania como ser humano, dotados de diretos não apena deveres.
O nível
de consciência que pessoas tem alcançado, tem assustado e incomodado os racista
e seu sistema operante.
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