quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Movimento de mulheres cresceram, mas ainda “parece que estamos dois passos à frente e um passo atrás”. diz Chimamanda Adichie

Escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie durante entrevista à
Reuters em Santiago 13/01/2020 REUTERS/Rodrigo Garrido

SANTIAGO (Reuters) - O movimento #MeToo pode ter impulsionado os direitos das mulheres, mas a busca pela igualdade de gênero ainda dá "dois passos à frente e um passo atrás", afirmou Chimamanda Adichie, novelista e ativista nigeriana nesta segunda-feira 13 à Reuters.

Chimamanda, cuja palestra no TED, "Todos devemos ser feministas", inspirou música de Beyoncé e  coleção de camisetas da Christian Dior. Afirmou  que as mulheres podem estar progredindo no ambiente profissional e na vida pública, mas elas ainda realizam a maior parte do trabalho doméstico.

“O movimento #MeToo, em muitas partes do mundo, tornou possível para as mulheres começarem a falar sobre coisas as quais as mulheres não podiam falar, então, para mim, isso é um progresso”, disse a autora durante uma conferência em Santiago, capital do Chile.

“Muitas vezes, parece que estamos dois passos à frente e um passo atrás. Estamos falando sobre isso, mas ainda não encontramos as soluções.”

Ela disse que as crianças ainda são costumeiramente criadas com “papéis de gênero arraigados”.
“A ideia de trabalho doméstico, por exemplo, quem faz isso, é algo pelo qual as pessoas devem ser pagas?” disse ela. “Em muitos países do mundo, ainda é pensado como algo que as mulheres devem fazer.”

“Por causa disso, as mulheres estão fazendo trabalho doméstico em casa e também trabalhando fora de casa. Agora, as mulheres estão duplamente sobrecarregadas e, portanto, o que pode parecer igualdade realmente não é. No futuro, temos que abordar isso; caso contrário, isso levará as mulheres para trás ainda mais.”

Chimamanda, cujos romances premiados —incluindo “Americanah”, “Hibisco Roxo” e “Meio Sol Amarelo” abordam questões de gênero, raça, identidade e imigração, também criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizendo que sua abordagem mais rigorosa à migração das regiões Central e da América do Sul representou “crueldade por crueldade”.

O QUE É #METOO ?

Em português, a expressão MeToo seria algo como Eu Também e do movimento ‘The Silence Breakers’, algo como quebra do silêncio.

O movimento surgiu em forma de hashtag nas redes sociais, mas logo ganhou notoriedade ao ser adotado por celebridades hollywoodianas. Conheça o que é o movimento #MeToo.
O movimento foi tão relevante que foi escolhido como a “personalidade” do ano de 2017 pela revista americana Time, que anualmente escolhe pessoas para figurarem no posto. Em 2016, foi Donald Trump. A publicação afirmou que #MeToo foi usada milhões em mais de 85 países diferentes.
Como surgiu o #MeToo
Apesar de ter tido bastante repercussão no ano de 2017, foi ainda em 1996 que a expressão #MeToo foi pensada pela primeira vez. Foi a ativista Tarana Burke, que luta pelo empoderamento das jovens mulheres negras, que iniciou o movimento.
Depois de escutar o relato de uma criança que sofria abusos sexuais do padastro, Tarana Burke não teve coragem de dizer para ela: Eu também. Esse remorso corroeu a americana, que somente anos depois teve a força para falar ao mundo: me too, ou seja, eu também. A ideia de propagar o movimento foi criar empatia entre as vítimas de assédio.
#MeToo pelo mundo
De acordo com o jornal El País, o movimento #MeToo ajudou a disseminar pelo mundo o combate ao assédio sexual. O diário espanhol revelou que a busca pela palavra feminismo no dicionário Merriam-Webster aumentou 70% somente no ano de 2017. “Nunca antes tantas mulheres —e também homens— de diferentes esferas haviam se definido publicamente como feministas, palavra maldita durante anos”, define o El País.

Fontes: Reuters/estudopratico/Yahoo

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