Por Mônica Aguiar
O que causa mais dor
entre as pessoas, verdadeiramente cidadãs de bem no Brasil?
O que provoca
angústia e desalentos nas pessoas que lutam cotidianamente pela sobrevivência
dos seus?
As respostas estão postas nos
semblantes de milhões das brasileiras que caminham nas manhãs em busca de trabalho, cumprindo uma rotina cruel e desalentada.
As que seguem seu caminho
ao trabalho, a única certeza, são trinta dias para receber um salário que mal dá
para pagar as contas de água, luz, comprar o gás e pagar o aluguel.
Café da manhã, só o café.
Pão com margarina, pouco sobra dinheiro.
- O leite com o preço
que tá, melhor não comprar fruta, a casula precisa do leite para tomar.
Alimentação em dia,
nem se falam mais.
- Melhor não reclamar!
Termina conversas dentro
de coletivos públicos entre pessoas que as vezes não se conhecem mais querem e
precisam desabafar.
Uma caminhada rumo a
única possibilidade de trabalho, com coração em dor.
As forças vem da consciência
e responsabilidade com a prole que necessita comer, estudar e morar.
- Uma coisa ou outra?
- Não. As duas
juntas. Tudo junto e misturado!
Ameaçam um sorriso
entre o canto do rosto suado, marcado pelos reflexos dos problemas do dia a dia.
Entre olhares distante,
ecoa pensamentos em suspiros do medo de ter que deixar os filhos sozinhos para
trabalhar.
Entre o total silencio
uma única frase imortaliza a conversa:
- Não é fácil!
Em um breve momento, o
rosto já cansado pela manhã, escondem lágrimas nas mangas das blusas surradas
pelos excessos de lavagem.
O frio d’alma sobressai
no aroma do suor. Cada uma com sua dor, clamando por paz.
Entre caminho e caminhadas,
notícias chegam que filhos se vão para nunca mais voltar.
- O que eu fiz meu
Deus para merecer tanta dor?
Pergunta a mãe desalentada
por ter que reconhecer seu filho cruelmente assassinado pela polícia.
- Que pena dura é esta!
Em liberdade limitada, muito vigiada, por poderosos que julgam e condenam por morar em uma comunidade pobre
e negra.
Donos de um poder que não exigiu o voto democrático.
Criminalizam, julgam e estabelecem no mesmo momento como pena a morte .
Donos de um poder que não exigiu o voto democrático.
Criminalizam, julgam e estabelecem no mesmo momento como pena a morte .
Os gritos de dor ficam sufocados diante as mais variáveis justificativas
entoadas de Corporações que mantém as regras falidas que sustentam a violência
extrema e a segregação.
Quem saberá mensurar
o tamanho desta dor?
Três dias para
respirar, diminuir choro e clamor, retornar em passos lentos no mesmo caminho
rumo a sobrevivência dos outros que ficaram em casa, refém de um Estado que deveria
resguardar a vida, dar escola, lazer, cultura e ajudar a alimentar.
Milhares de olhares
tristes já pairam no rosto do povo que é considerado o mais felizes do mundo.
Os lírios começam a murchar.
Tão covardes são
estes que acreditam que ceifar vidas de inocentes garantem o exemplo para
manutenção da moral e bons costumes que os filhos deles não praticam.
_ Para onde eu vou,
onde vou morar, por que meus filhos?
Outros Lírios,
gritaram ... Juntas vamos gritar
2 comentários:
Pungente.
A dura realidade.
Que as palavras, com que nos brinda aqui, continuem nos tocando, despertando e unindo.
Obrigada
Postar um comentário