Por Mônica Aguiar
A imprensa brasileira e redes sociais deram total destaque a justificativa
do Diretor do Bolshoi que classificou
como 'absurdas' a afirmação da americana
Misty Copeland, ao falar do racismo no
teatro russo, isto, no momento que se
recusaram a contratar artistas negras, preferindo
maquiar com tinta escura dançarinas brancas.
Misty também esteve na lista Time 100 da renomada
revista norte-americana, que elege os mais influentes do ano.
Misty Copeland |
“Não comentamos essas afirmações absurdas”, respondeu o diretor da companhia afirmando que o espetáculo, criado em 1877,
foi assim apresentado (pintando de preto bailarinos brancos) “milhares de
vezes” não só na Rússia, mas também no mundo todo.
Na ocasião, a bailarina Misty Copeland declarou que
“dói
muito saber que muitas grandes companhias de ballet se recusam a contratar
bailarinas negras e preferem optar por uma maquiagem”.
São muitas denúncias do racismo sofrido por bailarinas
negras nos bales.
Precious Adams |
Em 2013, a bailarina afro-americana Precious Adams relatou ao
mundo que foi vítima de racismo, enquanto terminava seu curso de ballet em
Moscou.
Ela afirmou que uma professora já chegou a dizer
“tente se esfregar para tirar o tom escuro de sua pele”.
“tente se esfregar para tirar o tom escuro de sua pele”.
“Eu sabia disso antes de vir, todos me
diziam: ‘Fique atenta, você vai ser praticamente a única negra. Eles têm um
problema racial, seja esperta, não leve as coisas para o lado pessoal’”, disse.
As cores das sapatilhas também se tornaram protestos aos desafios impostos para romper com racismo velado existente.
Vários atos de pintar um tutu de cor “neutra” para poder combinar
com o tom da pele tornou-se representativo, apontando para os obstáculos específicos nas companhias de dança que tem bailarinas
negras.
Os títulos das matérias em todos jornais (Diretor do ballet Bolshoi classifica como ‘afirmações absurdas’ denúncia de racismo na companhia”) não retratam a realidade
vivida por bailarinas negras, muito pelo contrário, reforçam o estereótipo eurocêntrico determinado, reforçando o pensamento subjetivo do Diretor e ainda coloca em detrimento a "denúncia" de práticas racistas existentes, sejam elas veladas ou não . Como eu disse os chamados obstáculos específicos .
Neste conjunto de equívocos amplamente divulgados, podemos também constatar
que vários conteúdos em circulação, reforçam outros espaços de danças
predeterminados as mulheres negras.
Como se uma mulher negra não pudesse ser
bailarina em uma grande companhia de bale clássico.
Realmente precisamos contribuir para romper com as estruturas
existentes do chamado racismo estrutural.
ONDE DEVE ESTAR UMA
MULHER NEGRA?
ONDE ELA QUISER!
ONDE ELA QUISER!
A escolha de onde e como deve ser
ocupado os espaços destinados em ampla maioria à população branca é uma definição da mulher negra, se
assim ela quiser.
Quando uma mulher negra chega a
ocupar estes espaços destinados à brancos é por perfeição, talento e muita competência. Já passou
por milhares desafios e sofrimentos raciais.
Durou 75 anos para que o ABT (American Ballet Theatre), uma das
principais instituições de balé clássico dos EUA, colocasse no topo da
companhia uma dançarina negra.
Este ato foi responsabilidade da competência de Misty
Copeland, que fez história no mundo da dança.
A norte-americana foi promovida em 2015, à primeira-bailarina
da American Ballet Theatre, tornando-se a primeira negra no
topo da companhia.
Misty nasceu em Kansas City, no Missouri, mas cresceu em San
Pedro, na Califórnia , começou no balé aos 13 anos e logo mostrou talento ao
vencer o Music Center Spotlight Awards.
Continuando os seu estudos,
ela entrou para o corpo de baile da ABT em 2001 e há 8 anos
dança como solista pela companhia.
Considerada uma das bailarinas com maior visibilidade
atualmente, ela mostrou influência muito além dos palcos.
Misty Copeland já
escreveu dois livros, Firebird, um livro infantil, e Life
in Motion: An Unlikely Ballerina, uma biografia, se apresentou
no Tony Awards, o Oscar do teatro, e estrelou um
vídeo da marca de produtos esportivos Under Armor que teve
mais de 8 milhões de views.
Ingrid Silva |
Ao lado do bailarino Brooklyn Mack, também negro,
Copeland dançou, em 2014, o espetáculo “O Lago dos Cisnes” e fez história: foi
a primeira vez que dois bailarinos negros dançaram nos papéis principais - de
Odette/Odile e Príncipe Siegfried - de um espetáculo de uma grande companhia de
balé nos EUA.
Em 2015, a bailarina carioca Ingrid Silva se tornou primeira
solista do Dance Theatre of Harlem, companhia de balé nova-iorquina formada por
artistas afro-americanos e de outras origens raciais. Não há bailarinos brancos
na companhia.
Maria Júlia Coutinho (Majú) |
Atual apresentadora do Jornal Hoje na (TVGlobo), Maria Júlia
Coutinho, foi escolhida e votada como "Melhores do Ano 2019 , no Troféu Domingão do Faustão".
Com a estatueta de jornalista do ano nas mãos, ela disse que
teve um ano agitado e que ficou eufórica com o reconhecimento na
premiação.
"A experiência do Jornal Hoje é desafiadora. Estou
levando o jornal sozinha e isso acontece em um momento que o país está super
turbulento. "Não imaginava que seria eu, porque a Sandra sempre
ganhava."
"Não sou imune a críticas nem acho que sou perfeita. Só
achei um pouco injusta porque eu tinha estreado há pouco tempo. Achei estranho.
Não é legal, mas temos que seguir em frente. Se eu não tivesse relevância,
ninguém ia me atacar", pontuou a dona da bancada do Jornal Hoje.
Fotos: Internet
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