quinta-feira, 23 de julho de 2015

Supremacia Branca em Imagens : Reflexos da Beleza Negra

Foto da programação
Por Mônica Aguiar 
Professora da Universidade de Drexel, nos Estados Unidos, Yaba Blay, conferencista no Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha (Latinidades)  abordou ontem(22) , em Brasilia, Uma questão de Beleza Negra .  Durante sua palestra reafirmou  que a beleza é algo construído socialmente, e confere privilégios para quem a detém e que mesmo com as diferenças de nações existe de fato  um padrão mundial de beleza. Basta colocar a palavra beleza no nos sites de pesquisas  que surgirá páginas e páginas, predominantemente de mulheres brancas, acrescenta. Portanto, "no contexto da supremacia branca, vemos que o poder funciona como hierarquia, onde o branco está no topo, associado ao belo, e a negritude, na base, associada ao que é bárbaro, negativo e feio", diz Yaba Blay .  Na conferência, Yaba também chamou a atenção para a apropriação da cultura negra. Penteados e vestimentas, que estão sendo usados e divulgados por pessoas brancas. "Um mesmo penteado em uma mulher branca é chique e em uma mulher negra é largado ou não profissional. Por que quando uma mulher branca usa um certo penteado que as mulheres negras sempre usaram elas recebem o crédito ou são dadas como pioneiras, mas quando as negras o fazem são taxadas como desleixadas?", questionou. 
Embora sejam mais da metade da população, as mulheres negras são 4% das atrizes dos 218 filmes nacionais campeões de bilheteria entre 2002 e 2012, de acordo com pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 
Entre as mulheres, a questão racial associada à beleza é mais evidente. O padrão feminino de beleza é branco, mas o masculino, de força e virilidade, é negro. Alisar os cabelos ou branquear a pele são efeitos desse contexto, segundo a pesquisadora, e pergunta: "O que isso faz com a nossa autopercepção?" Para dar visibilidade à beleza negra, ela criou a página PrettyPeriod  (BonitaPonto) na internet (http://prettyperiod.me/), na qual divulga imagens de mulheres negras.
Yaba Blay é professora universitária da disciplina Africana Studies, na Universidade de Drexel, além de produtora e editora. Sua produção intelectual sobre estéticas e práticas culturais, cultura popular negra, identidades negras, colorismo e políticas raciais em âmbito global são originais e amplamente reconhecidas. Blay é autora do livro (1)ne Drop: Shifting the Lens on Race, e diretora artística do projeto One Drop, que levou as ideias da obra para o formato de documentário. (EUA)
SOBRE FESTIVAL 
O Festival Latinidades começou ontem  (22) e vai até domingo (26). 
A programação, que inclui palestras,  exibições de filmes e shows 

A edição 2015 acontecerá de 22 a 26 de julho, no Cine Brasília, e terá como tema Cinema Negro
A ideia é debater o protagonismo e a representação das mulheres negras no cinema, colocando-as no centro do debate sobre políticas públicas para o audiovisual. Produtoras, roteiristas, atrizes, editoras, dubladoras, câmera-woman – quantas conhecemos? Quantas estão no mercado? Afinal, o que é o cinema negro? Que cinema está sendo produzido na diáspora negra? Quais os circuitos onde é possível acessar esta produção? Como está representada a imagem da mulher negra no cinema? Como criar uma rede de circulação da produção cinematográfica/audiovisual produzida por pessoas negras, valorizando temas específicos e transversais? Estas são alguns dos temas propostos para esta oitava edição.  www.afrolatinas.com.br

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