Qual o lugar da mulher negra na maior universidade pública do país? A ausência de pessoas com esse perfil entre alunos, professores e na gestão foi questionada no debate A Mulher Negra no Mundo do Trabalho, pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O evento marcou as celebrações do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, comemorado neste sábado (25). De acordo com uma das diretoras do sindicato, Marli Rodrigues da Silva, a universidade tem número grande de mulheres negras em posições “invisíveis”. Geralmente são as terceirizadas – copeiras, faxineiras –, que passam despercebidas, e servidoras que não ocupam a gestão, lembrou ela.
Segundo Marli, encontrar mulheres negras entre estudantes e professores é ainda mais difícil. “Elas estão ausentes desses espaços, principalmente, nos cursos de exatas”, pontuou.
Para tentar promover uma mudança na universidade, a diretora diz que é preciso falar sobre essa realidade e propor mudanças práticas. “Ou seja, criar condições dessas mulheres ascenderem”, disse. No caso das servidoras e funcionárias terceirizadas, ela citou iniciativas importantes, como aulas de alfabetização, cursos e condições efetivas para elas crescerem profissionalmente. A representante do Diretório Central do Estudantes da UFRJ Gabriela Celestino, aluna de enfermagem, que participou do debate, aproveitou para denunciar casos de racismo institucional, que impactam no dia a dia das alunas. Sem citar nomes, relatou casos de estudantes negras constrangidas, principalmente, por causa do penteado ou do cabelo afro.
“As mulheres negras vêm para universidade, um mundo que não é nosso, e sofrem discriminação em sala de aula. São vários casos de sexismo e de racismo, com professores, por exemplo, mandando as meninas negras prenderem ou arrumarem seus cabelos”, revelou.
A pró-reitora de Pessoal da UFRJ, Regina Dantas, que assumiu há uma semana, disse que o debate sobre o lugar da mulher negra na universidade ajuda a desvelar o tema. Ela propôs ampliar a discussão. “Temos o hábito de só olhar para a questão de gênero, mas temos que ir além. Pensar como o Brasil produziu o racismo e enfrentá-lo”, concluiu.
Fonte: EBC
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