Afeganistão - Esquerda Diário- [María Emilia Laplace]
Farkhunda foi espancada até morrer, queimada e jogada a um rio de Cabul por uma multidão enfurecida que a acusava de ter queimado o livro sagrado do Islã, o Alcorão.
Os manifestantes consideraram a sentença injusta e um reflexo da corrupção do Governo, de acordo com o manifesto que foi lido no ato.
Uma das participantes do protesto, Tahmina Ahmadi, contou à Agência de Notícias EFE que através do caso de Farkhonda buscam também “justiça para todas essas mulheres que sofreram as injustiças da sociedade” e do “corrupto sistema judicial” do Afeganistão, onde “são tratadas como cidadãs de segunda classe”.
As imagens do linchamento, que percorreram o mundo através das redes sociais, mostravam homens espancando a mulher enquanto a polícia não fazia nada para impedir o brutal ataque. No total, 49 pessoas (30 civis e 19 policiais) foram detidas.
No início de maio um tribunal de primeira instância de Cabul condenou por “negligência” no cumprimento de seu dever, 11 policiais por não terem impedido o assassinado de Farkhunda, além de condenar à morte quatro homens, oito pessoas a 16 anos de prisão e absolver outras 18 pessoas.
Porém, várias organizações de Direitos Humanos, como a Human Rights Watch, denunciaram que os procedimentos foram feitos de forma irregular, e que vários dos acusados não tinham advogados. “Este julgamento deixa a impressão de que o governo afegão queria um processo rápido para tirar o caso das manchetes e virar a página”, afirmou Heather Barr, pesquisadora sobre os direitos das mulheres na Ásia à EFE.
A investigação revelou que Farkhunda não havia queimado nenhum exemplar do Alcorão, mas que havia denunciado as atividades de um vendedor de amuletos que ela considerava contrários ao Islã. Ofuscado, o vendedor a acusou de blasfêmia, provocando a ira da multidão, que terminou linchando a mulher.
O linchamento provocou numerosos protestos no Afeganistão e se tornou um símbolo da violência contra a mulher no país, apesar das reformas levadas a frente após a queda do regime talibã em 2001.
Um relatório recente das Nações Unidas solicitou com urgência às autoridades afegãs o fortalecimento do acesso à justiça para as mulheres vítimas de violência.
Muitos dos casos de violência contra as mulheres no Afeganistão são resolvidos através da mediação, evidenciando as deficiências do sistema de justiça criminal afegão, que também tem graves problemas de corrupção e abuso de poder, de acordo com esse relatório.
Tradução: Ana Carolina Fulfaro
Afeganistão - Esquerda Diário- [María Emilia Laplace]
Farkhunda foi espancada até morrer, queimada e jogada a um rio de Cabul por uma multidão enfurecida que a acusava de ter queimado o livro sagrado do Islã, o Alcorão.
Os manifestantes consideraram a sentença injusta e um reflexo da corrupção do Governo, de acordo com o manifesto que foi lido no ato.
Uma das participantes do protesto, Tahmina Ahmadi, contou à Agência de Notícias EFE que através do caso de Farkhonda buscam também “justiça para todas essas mulheres que sofreram as injustiças da sociedade” e do “corrupto sistema judicial” do Afeganistão, onde “são tratadas como cidadãs de segunda classe”.
As imagens do linchamento, que percorreram o mundo através das redes sociais, mostravam homens espancando a mulher enquanto a polícia não fazia nada para impedir o brutal ataque. No total, 49 pessoas (30 civis e 19 policiais) foram detidas.
No início de maio um tribunal de primeira instância de Cabul condenou por “negligência” no cumprimento de seu dever, 11 policiais por não terem impedido o assassinado de Farkhunda, além de condenar à morte quatro homens, oito pessoas a 16 anos de prisão e absolver outras 18 pessoas.
Porém, várias organizações de Direitos Humanos, como a Human Rights Watch, denunciaram que os procedimentos foram feitos de forma irregular, e que vários dos acusados não tinham advogados. “Este julgamento deixa a impressão de que o governo afegão queria um processo rápido para tirar o caso das manchetes e virar a página”, afirmou Heather Barr, pesquisadora sobre os direitos das mulheres na Ásia à EFE.
A investigação revelou que Farkhunda não havia queimado nenhum exemplar do Alcorão, mas que havia denunciado as atividades de um vendedor de amuletos que ela considerava contrários ao Islã. Ofuscado, o vendedor a acusou de blasfêmia, provocando a ira da multidão, que terminou linchando a mulher.
O linchamento provocou numerosos protestos no Afeganistão e se tornou um símbolo da violência contra a mulher no país, apesar das reformas levadas a frente após a queda do regime talibã em 2001.
Um relatório recente das Nações Unidas solicitou com urgência às autoridades afegãs o fortalecimento do acesso à justiça para as mulheres vítimas de violência.
Muitos dos casos de violência contra as mulheres no Afeganistão são resolvidos através da mediação, evidenciando as deficiências do sistema de justiça criminal afegão, que também tem graves problemas de corrupção e abuso de poder, de acordo com esse relatório.
Tradução: Ana Carolina Fulfaro
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