As mulheres, mesmo diante de avanços no que diz respeito à igualdade entre os gêneros, ocupam cargos de menor peso nas grandes decisões políticas de menor prestígio no mercado de trabalho. As posições de poder ainda são ocupadas em sua maioria por homens. Os estereótipos de gênero reforçam os papéis diferenciados, destinando aos homens as atividades do espaço público e às mulheres, as do espaço privado.
As mulheres são maioria na base da organização de movimentos sociais, mas ainda são minoria nos cargos políticos e também na participação de partidos políticos. Nos espaços de direção de empresas privadas e de organizações como sindicatos e associações de classe, o mesmo quadro é verificado. As diferenças se acentuam quando investigamos a interseccionalidade da dimensão de gênero com classe, raça / etnia, orientação sexual. Frente a diversos tipos de preconceito e discriminação, as mulheres negras têm ainda menos acesso aos espaços de poder e decisão que as mulheres brancas.
Os avanços do movimento feminista no Brasil, principalmente a partir da década de 1970, contribuíram para afirmar a presença das mulheres na esfera pública, afirmando seu protagonismo político e denunciando as desigualdades e violências vividas por elas. As mulheres também têm se destacado como lideranças na organização de movimentos para a luta por seus próprios direitos. São diversos os tipos de movimentos de mulheres na nossa sociedade, como: os movimentos feministas, de trabalhadoras rurais e domésticas, de mulheres bissexuais, transexuais e lésbicas, de mulheres negras, de mulheres do campo e da floresta, dentre uma imensa variedade de grupos que lutam por condições menos desiguais de vida.
A participação ativa das mulheres é indispensável à construção da democracia e da cidadania e assume um caráter crítico e propositivo na construção das plataformas feministas dirigidas ao poder público. Essa atuação contribui para a elaboração de leis e para a administração pública, e para as candidaturas político-partidárias, no sentido de sensibilização e estabelecimento de compromissos das/os candidatas/os. Muitas de suas ações têm produzido desdobramentos concretos em termos de inovações e conquistas legislativas e de políticas públicas.
Cabe ao Estado e aos governos, nas suas diferentes esferas, atuarem na transformação das estruturas institucionais que ainda reproduzem e reafirmam a desigualdade. Medidas legislativas, como cotas de participação nos processos eleitorais, são fundamentais para garantir o acesso das mulheres aos postos de decisão. Também é necessário fortalecer Secretarias Estaduais e Municipais de Políticas para as Mulheres, que contribuem para um novo modelo de gestão e que trazem na sua concepção a defesa da autonomia das mulheres e igualdade como pressupostos e princípios de suas ações e políticas.
Texto : Obs. Brasil de Gênero
Foto : Mônica Aguiar
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