O ano era 1968, e embora os Estados Unidos tivessem proibido a segregação racial quatro anos antes, a situação estava longe de ser harmoniosa. O músico perdera a conta de quantas vezes tinha sofrido discriminações pessoais e profissionais. Mas aquele concerto, no Fillmore West, em San Francisco, ficou marcado pelos longos aplausos de pé que a plateia predominantemente branca deu a B.B. King.
Incêndio
Ídolo de gerações de músicos, e influência seminal na carreira de músicos como Eric Clapton, Stevie Ray Vaughan e os Rolling Stones, B.B. King morreu na madrugada desta sexta-feira, em Las Vegas, aos 89 anos. Segundo um porta-voz, o guitarrista, que tinha sido internado havia algumas semanas por complicações decorrentes da diabetes, morreu durante o sono.
"Quase morri tentando salvar minha guitarra. Pus o nome de Lucille nela para me lembrar de nunca mais fazer algo parecido", brincou B.B. King, numa entrevista publicada para o site do fabricante da guitarra, publicada no ano passado.
Segregação
Em 1949, o guitarrista lançou seu primeiro álbum e, dois anos depois, chegava pela primeira vez ao topo das paradas de blues com o single Three O'Clock Blues, que ficou no posto de número um por 17 semanas.
Segregação
Em 1949, o guitarrista lançou seu primeiro álbum e, dois anos depois, chegava pela primeira vez ao topo das paradas de blues com o single Three O'Clock Blues, que ficou no posto de número um por 17 semanas.
Muitas de suas primeiras gravações foram produzidas por Sam Phillips, o fundador da Sun Records, a legendária gravadora que lançaria nomes como Elvis Presley e Johnny Cash.
O sucesso levou B.B. King a uma intensa agenda de turnês que incluiu o chamado Chittlin' Circuit, uma série de locais de shows no sul dos EUA em que negros podiam tocar para plateias segregadas "em segurança".
"Aguentei mais humilhação do que consigo me lembrar", contou King. "Sair em turnê pela América segregada e toda hora ser incomodado por policiais brancos foi algo que me machucou".
Nos anos 60, o sucesso de bandas britânicas como os Rolling Stones, Yarbirds e os Animals, influenciadas por bluesmen como B.B. King e Muddy Waters, levaram o blues para uma audiência mais generalizada.
Mas o apelo de B.B. King transcendeu o blues: em 2000, por exemplo, ele gravou com o U2 a música When Love Comes to Town. Ele jamais parou de fazer turnês, mesmo quando chegou aos 80 anos, e se apresentou várias vezes no Brasil. Uma vez perguntado sobre a razão de insistir no longo calendário de shows, B.B. King afirmou que era simplesmente uma questão de devoção a sua arte.
"Aposentadoria? Nunca vou usar essa palavra".
Fonte:BBC
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