quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Estudo mostra que auxílio emergencial mantido amenizará as desigualdades e ajudará famílias chefiadas por mulheres negras

 por Mônica Aguiar

O auxílio emergencial não foi pensado como uma política específica para atender famílias chefiadas por mulheres negras, mas a assistência demostrou ter um papel fundamental na proteção das mulheres negras, evitando o aumento da fome e miséria na pandemia.

E o que aponta nota do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made) da FEA-USP.

A partir de dados da Pnad Covid, do IBGE, a nota observa que, antes da pandemia, a renda do trabalho per capita de famílias chefiadas por homens brancos era cerca de 2,5 vezes maior do que a de famílias comandadas por mulheres negras.

Em agosto de 2020, contanto com o auxílio, essa relação havia diminuído para 2,1. Entre os lares chefiados por mulheres brancas, a proporção passou de 1,8 para 1,6 no período e, no caso de homens negros, foi de 1,4 para 1,3, sempre em relação aos domicílios chefiados por mulheres negras.

“Podemos observar o efeito distributivo racial e de gênero do AE, que é responsável por aproximar a renda das famílias chefiadas por mulheres negras da de todas as outras”, Escrevem as pesquisadoras Lygia Sabbag Fares, Ana Luíza Matos de Oliveira, Luísa Cardoso e Luiza Nassif-Pires responsáveis pelo o estudo lançado.

Elas afirmam que a renda de todos os grupos ganhava das famílias comandadas por mulheres negras, “indicando que as mulheres pretas e pardas sofreram um impacto maior da perda de renda do trabalho em maio e estão experimentando uma recuperação mais lenta”, considerando os dados até agosto de 2020.

Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) divulgou a segunda fase da pesquisa que mapeia a situação financeira das mulheres negras durante a pandemia da covid-19 também em maio de 2020. Foi elaborado e desenvolvido por seis pesquisadoras negras.

Na segunda pesquisa o impacto do vírus e da crise na vida econômica e na saúde mental das mulheres negras se tornou um ponto maior de atenção.

Já na primeira fase da pesquisa já indicava que o Auxílio Emergencial não seria o suficiente para garantia das despesas, mas conforme as restrições de isolamento aumentaram e a quarentena se prolongou, o valor de R$ 600 mensais se tornou indispensável para a manutenção do sustento de muitas mulheres negras e suas famílias.

Em 2020, se não fosse o esforço da bancada de mulheres na Câmara federal, as mulheres chefe de família, não teriam recebido valor maior e complementário no Bolsa Família do Auxilio Emergencial.

Em 2021 com a extinção do auxílio emergencial, a saúde financeira das mulheres negras se tornam ainda mais difícil, ocorrendo um aumento acelerado do quadro de vulnerabilidade social.

O corte do auxílio emergencial no bolsa família, fará que a situação de pobreza extrema piore. Sem nenhuma renda, sem ofertas de vagas para volta no mercado de trabalho, com a situação política e financeira do Brasil se agravando e o fechamento de centenas de pequenas e micro empresas, milhares de famílias já passam fome.  

Na Pesquisa Impacto da Vida em sua segunda fase também apontou que muitas mulheres denominadas empreendedoras, estão exercendo a função por necessidade, tendo 15% iniciado após o início da pandemia.  A pandemia levou mulheres negras a empreenderem por necessidade, mesmo as que têm graduação e pós-graduação.

Dados das mulheres respondentes mães e suas despesas, a maior parte delas (43%) arcavam com as despesas dos filhos sozinhas e apenas 15% contavam com o apoio extra do auxílio emergencial ou do bolsa família.

 Os números de pessoas sem perspectivas e na extrema pobreza só crescem. É urgente o retorno do auxílio emergencial.

O deputado Assis Carvalho do (PT-PI), apresentou um Projeto de Lei, que propõe que mães chefes de família possam receber de forma permanente o auxílio emergencial de R$ 1.200.

O projeto, se aprovado, irá beneficiar mães monoparentais, que têm direito a duas parcelas do auxílio. Ou seja, mulheres em que as famílias possuem ao menos um dependente menor de 18 anos e que não possuem cônjuge ou companheiro, dentre outros critérios.

 Fontes: Valor Investe/Jornalcontábil 

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