por Mônica Aguiar
O auxílio emergencial
não foi pensado como uma política específica para atender famílias chefiadas
por mulheres negras, mas a assistência demostrou ter um papel fundamental na
proteção das mulheres negras, evitando o aumento da fome e miséria na pandemia.
E o que aponta nota
do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made) da FEA-USP.
A partir de dados da
Pnad Covid, do IBGE, a nota observa que, antes da pandemia, a renda do trabalho
per capita de famílias chefiadas por homens brancos era cerca de 2,5 vezes
maior do que a de famílias comandadas por mulheres negras.
Em agosto de 2020,
contanto com o auxílio, essa relação havia diminuído para 2,1. Entre os lares
chefiados por mulheres brancas, a proporção passou de 1,8 para 1,6 no período
e, no caso de homens negros, foi de 1,4 para 1,3, sempre em relação aos
domicílios chefiados por mulheres negras.
“Podemos observar o
efeito distributivo racial e de gênero do AE, que é responsável por aproximar a
renda das famílias chefiadas por mulheres negras da de todas as outras”, Escrevem
as pesquisadoras Lygia Sabbag Fares, Ana Luíza Matos de Oliveira, Luísa Cardoso
e Luiza Nassif-Pires responsáveis pelo o estudo lançado.
Elas afirmam que a
renda de todos os grupos ganhava das famílias comandadas por mulheres negras,
“indicando que as mulheres pretas e pardas sofreram um impacto maior da perda
de renda do trabalho em maio e estão experimentando uma recuperação mais
lenta”, considerando os dados até agosto de 2020.
O Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) divulgou
a segunda fase da pesquisa que mapeia a situação financeira das mulheres negras durante a pandemia da covid-19 também
em maio de 2020. Foi elaborado e desenvolvido por seis pesquisadoras negras.
Na segunda pesquisa o impacto do vírus e da crise na vida
econômica e na saúde mental das mulheres negras se tornou um ponto maior de
atenção.
Já na primeira fase da pesquisa já indicava que o Auxílio Emergencial não
seria o suficiente para garantia das despesas, mas conforme as restrições de
isolamento aumentaram e a quarentena se prolongou, o valor de R$ 600 mensais se
tornou indispensável para a manutenção do sustento de muitas mulheres negras e
suas famílias.
Em 2020, se não fosse o esforço da bancada de mulheres na Câmara federal,
as mulheres chefe de família, não teriam recebido valor maior e complementário
no Bolsa Família do Auxilio Emergencial.
Em 2021 com a extinção do auxílio emergencial, a saúde financeira das mulheres
negras se tornam ainda mais difícil, ocorrendo um aumento acelerado do quadro
de vulnerabilidade social.
O corte do auxílio emergencial no bolsa família, fará que a situação de
pobreza extrema piore. Sem nenhuma renda, sem ofertas de vagas para volta no mercado
de trabalho, com a situação política e financeira do Brasil se agravando e o fechamento
de centenas de pequenas e micro empresas, milhares de famílias já passam fome.
Na Pesquisa Impacto da Vida em sua segunda fase também apontou que muitas
mulheres denominadas empreendedoras, estão exercendo a função por necessidade,
tendo 15% iniciado após o início da pandemia. A pandemia levou mulheres
negras a empreenderem por necessidade, mesmo as que têm graduação e
pós-graduação.
Dados das mulheres respondentes mães e suas despesas, a maior parte
delas (43%) arcavam com as despesas dos filhos sozinhas e apenas 15% contavam
com o apoio extra do auxílio emergencial ou do bolsa família.
Os números de pessoas sem
perspectivas e na extrema pobreza só crescem. É urgente o retorno do auxílio emergencial.
O deputado Assis Carvalho do (PT-PI), apresentou um Projeto de Lei, que
propõe que mães chefes de família possam receber de forma permanente o auxílio
emergencial de R$ 1.200.
O projeto, se aprovado, irá beneficiar mães monoparentais, que têm
direito a duas parcelas do auxílio. Ou seja, mulheres em que as famílias possuem
ao menos um dependente menor de 18 anos e que não possuem cônjuge ou
companheiro, dentre outros critérios.
Fontes: Valor Investe/Jornalcontábil
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