Por Mônica Aguiar
“O racismo é um problema estrutural e requer uma resposta política"
Uma história que se repete com milhares de autoras negras do
mundo.
Reni Eddo-Lodge cujos
escrituras se reúnem sobretudo no feminismo e na exposição do racismo
estrutural, escreveu há três anos Por Que Eu Não Converso Mais Com Pessoas
Brancas Sobre Raça, publicado no Brasil pela Letramento Editora e Livraria.
O livro publicado em 2017, subiu 155 lugares, ficando no topo da
parada de brochura de não ficção do Reino Unido, ao mesmo tempo que o romance
Garota, Mulher Outras de Bernardine Evaristo, liderou as paradas de ficção em
brochura. O romance e Bernardine causou furor quando
publicado em 2019, venceu o Booker Prize.
É a pela primeira vez que livros de mulheres negras britânicas lideraram
as duas paradas ao mesmo tempo.
Em junho 2020, Eddo-Lodge, no auge do movimento Black Lives Matter,
se tornou a primeira autora negra britânica a liderar a lista de livros mais
vendidos no Reino Unido.
Muitos afirmam que o aumento nas vendas ocorreu na sequência da morte de George Floyd e subsequentes protestos globais do Black Lives Matter .
Eddo-Lodge
afirmou em outra fontes que estava "consternada ... pelas trágicas
circunstâncias em que essa conquista aconteceu"
Em entrevista recente
(06/02/21), ao falar o para o jornal ElPaís, afirmou que:
“....não
basta se convencer de que raça não importa. É preciso poder detectar o racismo
estrutural, diferente em cada país, que afeta em maior medida o mundo do
trabalho, acadêmico e político”.
Ataques racistas, desqualificadores,
contrários aos conteúdos de publicações de mulheres negras independentemente da
idade e do lugar que ocupem, surgem de todos os cantos do mundo, de vários
setores e de diversas formas.
Tais condutas ocorrem
com muita incidência e com maior visibilidade quando são direcionados às mulheres
negras escritoras. Tenho plena certeza que estes ataques são estrategicamente pensado
para contrapor o grau de conscientização que as mulheres negras constituem com a sociedade ao traduzir ações e posições política dos movimentos negros ao
longo da história e, trajetórias contemporâneas que também se acumulam contradições
naturais em literaturas ou textos escritos.
Mulheres negras que
são escritoras e militantes quando escrevem, expõem feridas abertas, mazelas e
sequelas sócio econômica do racismo.
“Quero que cada país se concentre em sua própria história, não pretendo
uma leitura homogênea do racismo. Gostaria que os pesquisadores locais
trouxessem à luz aquela parte da história que o país preferiria não encarar”.
(Trechos da entrevista de Eddo-Lodge no Jornal ElPaís)
“.....Temos que entender que milhares de mulheres podem enfrentar discriminação em diferentes contextos, em espaços políticos ou culturais diferentes. E temos que ser capazes de entender claramente essas diferenças para combater de modo eficaz o machismo. Não são as diferenças que nos dividem, mas nosso fracasso em entender essas diferenças e abraçá-las”.( (Trechos da entrevista de Eddo-Lodge no Jornal ElPaís)
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