Mais da metade da população feminina em idade de trabalhar, ou 53,2%, não têm emprego, mostra pesquisa do IBGE
Mesmo com o emprego no País mostrando força, ainda há desigualdades regionais e de gênero marcantes no mercado de trabalho, mostram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE. A taxa de desocupação das mulheres alcançou 8,7% no primeiro trimestre do ano, resultado maior que o dos homens, de5,9%. Elas são maioria na força de trabalho, mas também nafila do desemprego.
“Embora as mulheres sejam maioria na população (52,4% da população em idade de trabalhar), elas são minoria na ocupação (42,7%). E na fila da desocupação, elas são mais da metade (53,2%)”, observa Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Desempregada há um ano e meio, Maria Angélica Barbosa, de 42 anos, já bateu na porta de todos os hotéis de quatro e cinco estrelas do Recife e região metropolitana, entregando currículo para uma vaga no setor de reserva ou recepção. Só tem levado “não”. Com graduação em Psicologia, ela se identifica com a área de hotéis e turismo. Fala inglês, espanhol e italiano.
Angélica morou sete anos na Flórida (EUA), onde trabalhou como gerente de academia de ginástica. “Me arrependi de ter voltado”, diz. “Lá eu me mantinha sozinha, lindamente.”
Ao retornar ao Brasil, há três anos e meio, tentou empreender: primeiro abriu um salão de beleza, em seguida lançou uma marca de roupa moda praia. Foram dois insucessos.
Ela tem se colocado à disposição do mercado hoteleiro também via internet. Mesmo em época de Copa, nenhuma vaga surgiu. “Vou esperar mais um pouco, se tudo continuar fechado para mim, vou embora. O Brasil só é bom para férias.”
A taxa de desemprego no Nordeste ficou em 9,3% no primeiro trimestre, mais que o dobro do Sul, de 4,3%. “O desemprego é muito diferente entre as regiões. As áreas metropolitanas do Nordeste tinham taxas de desocupação maiores do que as do Sul e Sudeste”,lembra José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Investimentos.
Apesar das diferenças, a pesquisa mostra que no Nordeste a geração de vagas está mais aquecida. O nível de ocupação cresceu de 49,9% no primeiro trimestre de 2013 para 51,6% neste ano. No Centro-Oeste a evolução foi de 60,7% para 61,1%.
“Quem está contratando é o Nordeste e o Centro-Oeste. O mercado de trabalho lá ainda não chegou ao pleno emprego, e é possível que por isso tenha mão de obra disponível”, explica o economista Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Daniela Amorim
Acesse o PDF: Número de mulheres sem ocupação é maior que o dos homens
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