terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Mulheres . Como superar tantas desigualdades ?


POR MÔNICA AGUIAR 

Lendo algumas matérias relacionadas a temas específicos das desigualdades econômicas e sociais, percebo que, em ampla maioria, são realizadas ricas publicações que gostam de falar sobre o marco do século 20 para as mulheres na educação e mercado de trabalho.

Várias pesquisas demostraram que o nível de escolaridade das mulheres superaram os homens. Momento de muitas comemorações em vários setores da sociedade.

- Motivo?  As mulheres aumentaram em um ano a escolaridade média em relação aos homens. Apenas um ano foi suficiente para ser  considerada uma  grande conquista para  as mulheres brasileiras.

No entanto, todos pequenos avanços obtidos pelas mulheres são precedidos de MAS.... o crescimento desta escolaridade, não influenciou no desequilíbrio salarial existente entre homens e mulheres. 
Tão pouco diminuíram as desigualdades sociais existentes.

As  mulheres independente de ter grau de escolaridade maior , ganham salários muito menores que os dos homens. Mesmo cumprindo a mesma função . 

Por um outro lado, nos registros da economia,  não existem captação de resultados dos serviços realizados pelas mulheres nas extensões de jornadas de trabalhos desenvolvidas.

O serviço doméstico é considerado obrigação da mulher, não é valorizado, não é considerado uma função de trabalho. 
Muitas empresas extrapolam tarefas e cargas horárias, principalmente as empresas  do setor de prestação de serviço ou serviços gerais, onde se tem maior número de mulher trabalhando.

Existe um “lógica imaginaria” propositalmente implantada, denominada “cultural”, nas concepções das relações de trabalho e tarefas a ser cumpridas por mulheres que são absurdamente justificadas e reafirmadas com as seguintes frases: O que custa ELA fazer isto para a mais? É obrigação DELA, é mulher.  

Todos os extras nas funções não remuneradas, aumento de carga horário e duplas jornadas, deveriam ser agregadas e captadas no resultado do PIB (Produto interno bruto) Brasil.

Em uma entrevista na EBC, em 2019,  a professora Hildete Pereira de Melo, uma das coordenadoras do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Economia (NPGE) da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) , que se o PIB brasileiro contabilizasse as horas não pagas às mulheres, haveria um crescimento  de 11%.

Faltam profissionais em várias áreas! Afirmam.

Falta. Mesmo sendo a mulher maioria na sociedade. Nós sabemos disto. Já é notório para toda sociedade.

Mas se as mulheres extrapolam suas funções, cargas horárias, cumprem dupla jornada, como conseguir estudar para ocupar cargos de carreiras inovadoras, como as tecnológicas?

A área de tecnologia é ocupada, majoritariamente, por homens. 

Muitas profissões ainda são ocupadas por maioria de homens.

Qual o incentivo realizado para que as mulheres escolham também áreas como de ciências exatas e não somente pedagogia, psicologia, enfermagem, domésticos, atendentes, relações públicas, secretariado e dentre outras?

Em um matéria publicada no Jornal da USP, em 2018 (Porque as mulheres desaparecem do curso de computação), acompanha vários gráficos e depoimentos de mulheres que conseguiram romper com as barreiras e estereótipos existente na tecnologia.  O texto traz uma reafirmação extremamente importante:  “ Propagandas midiáticas, a educação escolar e a própria família têm influência na criação do estereótipo de que homens são melhores na área de exatas, enquanto mulheres se dão melhor nas humanas. A falta de representação de mulheres na área também é um fator fundamental para repelir as meninas dos cursos de tecnologia.”

Este quadro tem que mudar! Mas como mudar com tantos valores ideológicos e religiosos existente nas gestões dos governos do Brasil?

Concepções conservadoras do modo operante de cuidar da coisa pública.
O Congresso é composto por ampla maioria de homens. O Supremo é masculino. 
Gestões públicas (ministérios, secretarias e assessorias), ocupadas por ampla maioria de homens.
Precisamos mudar este quadro. As eleições de 2020 bate nas portas.  Hora de eleger mulheres comprometidas com as igualdade, equidade e cidadania!



sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Impacto negativo da concentração de renda é maior para as mulheres

Por Andréa Martinelli

Trabalho doméstico realizado pelas mulheres, se fosse contabilizado, agregaria US$ 10,8 trilhões à economia mundial anualmente


Milhões de mulheres e meninas passam parte de suas vidas desempenhando trabalho doméstico e de cuidado ― como lavar, passar, cozinhar e cuidar de crianças e idosos ―, sem nenhum tipo de remuneração e sem acesso a serviços públicos, enquanto o número de bilionários dobrou na última década.
A constatação é da ONG britânica Oxfam, registrada em relatório divulgado nesta semana, às vésperas da abertura do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, ponto de encontro entre a elite política e econômica global.
Se fosse contabilizado e remunerado, esse trabalho agregaria pelo menos US$ 10,8 trilhões à economia mundial todo ano, estima a ONG. Cerca de 42% das mulheres no mundo em idade economicamente ativa estão fora do mercado de trabalho porque estão cuidando de alguém. Entre os homens, a fatia é de 6%, um número exponencialmente menor.
Relatório aponta que, as mulheres, especialmente as mais pobres, sustentam não apenas a economia de mercado, uma mão de obra barata e gratuita, mas também o Estado, ao prestar serviços que deveriam ser oferecidos por ele. O trabalho aponta que a desigualdade econômica está fora de controle e uma das razões para aprofundar o abismo entre ricos e pobres é um sistema econômico mundial falho e sexista.
“O cuidado é uma responsabilidade de Estado: garantir o acesso à creche, à saúde, à educação, e garantir a assistência social para a terceira idade. E é possível observar que, em detrimento do crescimento da economia, essa riqueza que está cada vez mais se concentrando e políticas públicas fundamentais estão sendo perdidas”, afirma Katia Maia, diretora da Oxfam Brasil ao HuffPost. 
Dados mostram que, em 2019, os 2.153 bilionários do mundo detinham mais riqueza que 4,6 bilhões de pessoas ― o equivalente a 65% da população global, estimada em pouco mais de 7 bilhões ― e que os 22 homens mais ricos do mundo detêm mais riqueza do que todas as mulheres que vivem na África. 
“A pesada e desigual responsabilidade pelo trabalho de cuidado perpetua as desigualdades de gênero e econômica”, afirma o relatório que se baseia em dados compilados pelo estudo “Global Wealth”, do banco Credit Suisse. “As tarefas diárias de cuidar de outras pessoas, cozinhar, limpar, buscar água e lenha são essenciais para o funcionamento da economia. A desigual responsabilidade desse trabalho, que recai sobre as mulheres, perpetua as desigualdades de gênero e econômicas”, diz o texto.
O texto ressalta ainda que “o modelo de capitalismo dominante explora e impulsiona crenças sexistas tradicionais que ‘desempoderam’ mulheres e meninas”, por impor a elas a função do cuidado, que não é entendido como trabalho e, por isso, invisibilizado. Este modelo também valoriza a riqueza de poucos em detrimento das horas dedicadas ao cuidado de pessoas nos lares, indica o estudo. 
Para a diretora da Oxfam Brasil esse trabalho realizado pelas mulheres é essencial para manter comunidades e precisa deixar de ser invisível para governos e empresas. Segundo ela, é essa atividade, que é entendida como um trabalho de reprodução da vida, que garante o crescimento da economia, mas com mão-de-obra mais barata ou gratuita. 
“E o no caso do Brasil, a situação é pior para as mulheres negras. A questão do racismo ainda é um vetor que, em muitos casos, determina lugares inclusive econômicos na nossa sociedade”, afirma ao HuffPost.  
É um trabalho praticamente invisível no sentido do reconhecimento. Existe uma economia que segue pujante no mundo, mas que pode-se dizer que só cresce às custas dos direitos das mulheres.
Katia Maia, diretora da Oxfam Brasil
No Brasil, segundo a diretora da Oxfam, o trabalho de cuidado é 90% realizado por familiares, e exercido majoritariamente por mulheres, que chegam a exercer 85% dessa atividade, informal e precarizada. Essa informalidade, aponta Katia, significa a ausência do Estado, pela oferta insuficiente de creches para cuidar das crianças ou de um sistema de saúde adequado para atender idosos ou pessoas com problemas crônicos.
“Há necessidade urgente de a gente fazer um debate, alimentado pelo governo, sobre a importância do papel da mulher na economia, da divisão de tarefas, de responsabilidades dentro do lar, no cuidado. Mas a gente não está, infelizmente, em um cenário para isso”, pontua, se referindo às políticas do governo Bolsonaro.
O relatório da Oxfam ressalta um dado da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que afirma que até o ano de 2050 haverá 100 milhões a mais de idosos e 100 milhões a mais de crianças de 6 a 14 anos no mundo, o que provocará um aumento da necessidade de equipamentos e trabalhadores de cuidado. Em países como o Brasil, com a redução de recursos para políticas sociais, diz Katia, o indicador é preocupante.
O mundo está se tornando cada vez mais conservador, o que reitera que o lugar da mulher é no lar, e isso é muito preocupante.
Katia Maia, representante da Oxfam Brasil
O estudo não cita diretamente a divisão sexual do trabalho e a jornada dupla, mas afirma que os governos dos EUA e do Brasil estão entre as lideranças que “propõem políticas que reduzem impostos para bilionários, dificultando o enfrentamento da emergência climática ou acirrando o racismo, o sexismo e o ódio por minorias”.
“O mundo está se tornando cada vez mais conservador, o que reitera que o lugar da mulher é no lar, e isso é muito preocupante. A mulher não nasceu para ser do lar. As responsabilidades, seja do trabalho doméstico ou mesmo do cuidado, devem ser compartilhadas entre homens e mulheres.”
Outro ponto destacado pela ONG são as mudanças climáticas, tema que está no centro da discussão mundial e será debatido em Davos. De acordo com a Oxfam, essa crise tende a piorar as condições de trabalho das cuidadoras. Estima-se que até o ano de 2025, 2,4 bilhões de pessoas poderão viver em áreas sem água suficiente.
Para a Oxfam, nesse cenário negativo, mulheres acabam impossibilitadas de alcançar posições longe do trabalho doméstico e cargos de poder no mercado de trabalho. Entre os cuidadores, os trabalhadores domésticos são uma das categorias mais “exploradas do mundo”. Apenas 10% são protegidos por leis trabalhistas, diz a Oxfam. No Brasil, a PEC das domésticas regula este tipo de trabalho desde 2013, mas sua implementação ainda é falha.
“Essas mulheres, muitas vezes, fazem esse trabalho doméstico ou ficam em casa cuidando de pessoas doentes porque não tem outra opção. Porque não tem um serviço do estado que cuide e permita a essas mulheres se realizarem pessoalmente em outras áreas”, diz Katia. ”É importante que elas tenham outra opção, que não sejam jogadas a somente cuidar e fazer trabalho doméstico.”

Os caminhos para diminuir a desigualdade

Diante desse panorama, o relatório apresenta soluções e alerta governos para construir uma economia humana que beneficie “99% e não apenas o 1% da população mundial”. Entre as propostas destacadas, está o chamado “marco transformador dos ‘4R’”, que propõe ao Estado reconhecer, reduzir, redistribuir e representar cuidadoras marginalizadas em frentes econômicas e sociais.
O relatório aponta ainda que movimentos liderados por mulheres têm feito a diferença. Um dos destacados é o movimento liderado por Engna Legna Besdet, no Líbano, assim como a campanha Domestic Workers Rising (Trabalhadoras domésticas em ascensão, em tradução livre), na África do Sul, em que mulheres estão exigindo mudanças e reivindicando políticas públicas.
″É importante mostrar que tem solução. Há caminho, a solução é perfeitamente possível porque todos esses problemas e desafios foram criados pelas próprias sociedades, pelos próprios governantes, pelos tomadores de decisão”, diz Katia. “E no caso do poder político o que falta para que a vontade [política esteja presente] é realmente a pressão da sociedade.”
Fonte:huffpostbrasil

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Pedido de desculpa de Renata Spallicci, rainha de escola de samba, não convenceu o movimento negro

Fantasia de Renata Spallicci (Foto Instagran)  

Por Mônica Aguiar 

Renata Spallicci vestiu máscara de flandres, instrumento de tortura, usado no período da escravidão, para impedir que negros escravizados comessem e bebessem.

A Rainha de bateria da escola de samba Barroca Zona Sul, Renata Spallicci, foi duramente criticada por usar a máscara de flanders, objeto utilizado para impedir que negros escravizados comessem ou bebessem. 

A exposição da fantasia foi feita durante ensaio técnico no Sambódromo do Anhembi neste sábado (25) .

Militantes do movimento negro reforçaram críticas as direções das Escolas de Samba por permitir estereótipos nas fantasias utilizadas durante o carnaval.

E mesmo após Renata Spallicci, ter feito publicamente, pedido de desculpas nesta segunda-feira (27) por ter usado uma fantasia com referências à escravidão, o movimento negro e principalmente de mulheres negras não deixaram de cobrar também responsabilidades sobre a banalização ao sofrimento passado pelo povo negro, no período da escravidão.  

O Coletivo Samba Quilomba, movimento de conscientização da história das mulheres no carnaval, publicou uma nota em que repudia o uso da máscara, pelo que considera apologia à tortura e à escravidão.

"O adorno não é bijuteria de grife. A máscara tem um significado cruel carregado por inúmeras mulheres ainda hoje. Significa a via crúcis de toda mulher negra escravizada, estuprada e humilhada pelas mãos da tirania escravocrata patriarcal. E este exemplo só poderia ser replicado pra educar, conscientizar, e jamais pra 'lacrar'(...) É preciso o mínimo de discernimento e, principalmente, respeito à história para evitar o papel ridículo. Tortura não é brincadeira", diz o texto do coletivo.

Para Juliana Fênix, uma das idealizadoras do Samba Quilomba, a fantasia não pode ser considerada uma homenagem.

"Se vestir de uma guerreira negra vai além de plumas e paetês. Isso é uma agressão a essas ancestrais negras. Se você se importa ou quer homenagear algo, estude, não faça essa palhaçada que estão chamando de fantasia. Isso não é homenagem, é apologia à tortura. O carnaval não pode fazer fantasia da dor de um povo, isso é repudiante", afirmou a ativista ao G1.
"Não somos lendas, temos vidas e memória. E por sinal uma memória doída. A escola que tenha mais responsabilidade com seus componentes, afinal é uma festa que e vista pelo mundo. E tudo que o negro brasileiro não precisa é passar a imagem que a escravidão foi benéfica ou romântica pra nós. Já temos muita dor pra ser superada. Não precisamos de imagens distorcidas para fortalecer isso", diz Juliana Fênix.

Uma enxurrada de críticas foram divulgadas nas redes sociais.

Vários militantes do movimento negro, cobraram responsabilidade e respeito a história do povo negro, reacendendo um grande debate e pauta da naturalização das práticas utilizadas para o que é reconhecido e considerado crimes de lesa humanidade.

Tão somente após receber milhares de críticas, Renata apagou a foto em que aparecia com a fantasia e publicou  pedido de desculpas, afirmando que o objetivo da roupa de ensaio era 

"denunciar a situação de todas as mulheres que foram e continuam sendo, muitas vezes, subjugadas, silenciadas e reprimidas 
por uma sociedade machista e patriarcal".

Mas por melhor que pareça ser a intenção de Renata, faltou conhecimento do que significa expor instrumentos de torturas (máscaras de flandres), utilizados durante o período da escravidão principalmente contra as mulheres negras.

A naturalização existente à este tipo de tortura já deveria ter sido banida de toda sociedade e principalmente das Escolas de Samba.

Para quem não conhecem, as máscaras de flandres é uma peça de metal flexível geralmente com três buracos (dois para os olhos e um para o nariz), fechada atrás da cabeça por um cadeado - correntes e pegas no pescoço. “Registros mostram a crueldade e a naturalização dos castigos, prática adotada durante todo o período escravista e que fazia parte do cotidiano da escravidão no Brasil”. https://www.brasilianaiconografica.art.br/artigos/20231/tortura-e-castigo-os-mecanismos-da-repressao-escravista

Parcelas significativas do sociedade tem se tornado vigilantes, se colocando contraria as manifestações racistas e pejorativas existentes quando pessoas de forma alienada e irresponsável, retratam fatos da participação do negro na história da construção da sociedade brasileira.

Mas mesmo assim, muitos fatos se repetem e ficam impunem.

Por diversas vezes, observamos o grito do povo negro, nas ruas e nas redes sociais, exigindo respeito a ancestralidade. 

Muitos adeptos a este tipo de comportamento, ainda promovem contradições e desvirtuamentos no clamor e luta do movimento negro, principalmente quando denunciam crimes de lesa humanidade.

Chegam a tratar como exageros de concepções religiosas e ideológicas do movimento negro. 
Tais naturalizações reforçam o lugar, o trato, e o referencial de humanidade que tem este grupo e setor da sociedade que sustentam valores racistas como modo operante de viver.

Naturalizam o ato de usar uma fantasia cheia de correntes, um instrumento de tortura como é a máscara de flandres.

Militantes do movimento negro nas redes sociais questionaram:

- Como pode tamanho desrespeito com a história do povo negro, não somos fantasia chega de Black Face . Usar algo que expressa a dor de milhares de negros mortos e torturados no processo de escravidão como nossa guerreira Anastásia não é homenagear o povo negro e sim mexer em algo que nos causou dor. Sem dizer que Tereza de Benguela nunca usou tal máscara.

Chega de Rainhas de bateria que não vem da comunidade. A Escola precisa pedir desculpa também, pois afinal ninguém viu a fantasia dela antes de entra no ensaio? Fora o Ateliê que não buscou confeccionar algo da altura de merecimento de nossa Rainha Tereza de Benguela, sem dizer quem fala por nós mulheres negras somos nós. Não dá mais para aceitar este tipo de coisa.  Basta, chega. Nossa dor não é fantasia de marketing para branco propagar seu racismo.

No ensaio da Barroca Zona Sul que chegou ao grupo de acesso depois de 15 anos, que pretende contar a história da líder quilombola Tereza de Benguela em seu desfile no grupo especial. A Barroca será a primeira escola a desfilar pelo Sambódromo do Anhembi na primeira noite do carnaval, 21 de fevereiro.

Tereza era uma mulher que veio de Angola e lutou contra a escravidão no século 18. Tereza foi trazida para o Mato Grosso, onde comandou o Quilombo do Quariterê, que existiu entre 1730 e 1795, e tinha uma estrutura parecida com um sistema parlamentar.

Fontes: Facebook, Instagran,   
Trechos entrevista G1 / Revista Facebook Raça 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

14ª Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe começa hoje, 2ª feira (27/1), no Chile


Autonomia das mulheres em cenários econômicos em mudança será o tema principal do encontro organizado pela Cepal com apoio da ONU Mulheresp

O evento será transmitido ao vivo em: www.cepal.org

As vice-presidentas da Colômbia, Marta Lucía Ramírez, e da Costa Rica, Epsy Campbell; o vice-presidente de El Salvador, Félix Ulloa,  ministras e autoridades de órgãos de políticas para as mulheres participarão da 14ª Conferência Regional sobre a Mulher, que começa hoje,  27 e vai até  31 de janeiro, na sede da Cepal, em Santiago, no Chile. Este é o principal fórum inter-governamental sobre os direitos das mulheres e a igualdade de gênero na região.

O encontro é organizado pela Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) com apoio da ONU Mulheres. Tem como tema central a autonomia das mulheres em cenários econômicos em mudança.

A abertura da conferência ocorrerá na terça-feira (28/1), às 14h30, com exposições da ministra da Mulher e da Igualdade de Gênero do Chile, Isabel Plá; da secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena; da diretora executiva-adjunta da ONU Mulheres, Åsa Regnér; da subsecretária de Relações Exteriores do Chile, Carolina Valdivia; da diretora do Instituto Nacional das Mulheres (INMUJERES) do Uruguai, Mariella Mazzotti; e da coordenadora residente do Sistema representantes de organizações da sociedade civil, universidades, organismos inter-governamentais e do Sistema das Nações Unidas.

Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe é um órgão subsidiário da Cepal, convocada regularmente desde 1977 para identificar a situação regional e sub-regional a respeito da autonomia e dos direitos das mulheres, apresentar recomendações em termos de políticas públicas de igualdade de gênero e realizar avaliações periódicas das atividades voltadas ao cumprimento dos acordos regionais e internacionais.

As últimas edições aconteceram em Montevidéu (2016), Santo Domingo (2013), Brasília (2010) e Quito (2007).

Na conferência em Santiago, Alicia Bárcena apresentará o documento “A autonomia das mulheres em cenários econômicos em mudança”, para estimular os debates das delegações. O programa da conferência é composto por seis painéis, uma sessão especial, uma mesa redonda e mais de 30 eventos paralelos.

Entre os destaques, estão: painel de alto nível sobre a Estratégia de Montevidéu para a Implementação da Agenda Regional de Gênero no Marco do Desenvolvimento Sustentável até 2030, adotada em 2016, durante a 13ª Conferência Regional; sessão especial sobre o 25º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim (Pequim+25); e mesa redonda sobre os desafios das políticas integrais para a igualdade de gênero.

Estão programados painéis temáticos sobre globalização e igualdade de gênero, revolução digital, economia do cuidado e mudança climática. Ao final, acontecerá uma sessão plenária para consideração e aprovação dos acordos da conferência.

O evento será transmitido ao vivo em: www.cepal.org


Redes sociais: TwitterFacebookFlickr e https://www.youtube.com/cepalonuYouTube.


sábado, 25 de janeiro de 2020

BANCADA FEMININA APRESENTA MAIS PROJETOS, MAS CONSEGUE POUCAS VITÓRIAS

Coordenadora aposta que quantidade de matérias aprovadas deve aumentar
O crescimento da bancada feminina levou a uma explosão na quantidade de projetos apresentados em defesa dos direitos das mulheres, no combate à violência e no atendimento à saúde, mas não resultou num número maior de propostas aprovadas no plenário da Câmara dos Deputados neste primeiro ano da nova legislatura, mostra levantamento do Valor.
Segundo a Secretaria da Mulher da Câmara, só de projetos de combate à violência foram protocolados 158 propostas de fevereiro a dezembro de 2019, número maior que a soma de todos os quatro anos da legislatura passada, quando 138 sugestões de alterações legislativas foram apresentadas. O aumento em relação ao ano anterior alcançou 532%.
A quantidade de itens aprovados, contudo, não diferiu muito e até caiu em relação a 2018, quando 15 projetos foram avalizados pelo plenário. No ano passado foram votadas dez propostas, como a tipificação do assédio moral no trabalho, a apreensão de armas de quem cometer violência doméstica e obrigação de que o agressor compense o Sistema Único de Saúde (SUS) pelos gastos com atendimento médico e psicológico com as agredidas.
Para a deputada professora Dorinha Rezende (DEM-TO), coordenadora da bancada feminina, o dado refletiu uma renovação maior entre as mulheres e a quantidade de projetos aprovados aumentará. O número de deputadas mulheres aumentou 50% em relação a legislatura anterior, de 55 parlamentares para 77, mas metade delas está no primeiro mandato, destacou.
“Não dá para comparar com o fim da legislatura porque teve renovação grande, os projetos não começaram nem a tramitar direito. Quando chegou em março [mês do Dia da Mulher], não tínhamos nem projetos prontos para votar”, afirmou Dorinha. “Nossa expectativa é que cresça de forma significativa a aprovação agora que teremos mais projetos maduros e debatidos para pôr em pauta”, completou.
Ela disse ainda que há um acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de pautar os temas da bancada fora da “época simbólica” do mês da mulher, levando matérias à discussão do colégio de líderes partidários, que decide o que será votado todas as semanas do ano.
Foi justamente na gestão de Maia que ocorreu o aumento nos projetos aprovados. De 2007 a 2015, havia uma média de três propostas aprovadas por ano com temas como violência, saúde e direitos da mulher. Maia assumiu no meio de 2016, num mandato tampão, quando sete propostas foram votadas no plenário da Câmara. Em 2017, foram 10 projetos e em 2018, 15 matérias, de longe o maior número em uma década.
Para Maia, as deputadas estão mais organizadas e mobilizadas. “Talvez meu estilo de ouvir, de construir pautas ouvindo todo mundo, sabendo que a agenda delas é de urgência para a sociedade, também ajude”, pontuou.
O levantamento do Valor, com dados da Secretaria-Geral da Câmara sobre as votações em plenário desde 2007, considera apenas as propostas que tenham como conteúdo principal pautas da bancada feminina, como regras para divórcio e a divisão dos cuidados com os filhos, combate à violência doméstica, inserção no mercado de trabalho e medidas para ampliar o atendimento médico. Ficaram de fora propostas sobre temas mais amplos, mas que tratam das questões das mulheres de forma lateral, como as reformas eleitorais votadas há cada dois anos, por exemplo.
Líder da minoria na Câmara e uma das parlamentares mais experientes do Congresso, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) pondera que há projetos gerais, mas que beneficiariam prioritariamente as mulheres, como a presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas, e que parte da atividade da bancada é impedir retrocessos. “O Congresso ficou muito conservador e a luta para não aprovar retrocessos prevaleceu. Muitas conquistas foram barrar projetos que seriam péssimos para as mulheres e não porque aprovamos avanços”, disse.
Dorinha também defende que a produtividade da bancada deve ser medida por votações como a reforma da Previdência (elas poderão se aposentar antes dos homens), o pacote anticrime (com a rejeição do excludente de ilicitude por “violenta emoção” do agressor) e a minirreforma dos partidos políticos (com a manutenção das cotas para as candidatas e possibilidade de criar institutos nos partidos para estimular a participação política).
Por Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro — De Brasília
Agência Patricia Galvão 

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