quinta-feira, 7 de abril de 2022

Nós e o Poder. Como estamos ?

Por Mônica Aguiar 

 Ando de olho nas posições que naturalizam a baixa representação das mulheres e nas notícias que revelam que as mulheres estão cada dia mais ocupando cargos de poderes,  por uma ou outra representação conquistada. 
Neste exato momento deparo com o muro que sustenta as condições vividas pelas mulheres negras mundo a fora.

São poucas as mulheres que conquistam e ganham visibilidade mundial. Estas tem um perfil bem particular:- são em sua ampla maioria lideranças individuais, tem formação acadêmica e poder econômico.

De onde Eu falo não são todas as mulheres que expressam e representam a vontade e lutas coletivas no combate às desigualdades e distorções raciais existentes.

As mulheres que são feministas sim, são atuantes e ativistas e, ao longo da história tem demostrado ser resistentes e desafiadoras aos padrões que instituem impedimentos nas ocupações de espaços destinados majoritariamente para homens.

Estas mulheres desafiadoras  lutam por representação e pelos direitos coletivos e estão historicamente em menor número que os homens nos espaços de poderes.

Para uma mulher negra que fala de onde eu estou pisando para conquistar algo é preciso atravessar  campos de batalhas e na maioria das vezes, sem nenhum ou com baixos recursos e com pouco tempo para dedicação.  

Neste vasto e contraditório mundo são poucas mulheres que mantém as chamas do combate às desigualdades entre homens e mulheres, cabendo  o desígnio de nos representar. Suportar posturas machistas e patriarcais não é uma tarefa fácil para uma mulher que estar sozinha ou em menor número nos espaços de poderes.   

Lidar com as "novas contradições" tem se tornado muito difícil.  São muitos os formatos de subserviências e características de pessoas que usam como escudo os padrões religiosos quando assuntos como:- direitos sexuais e reprodutivos, autonomia do corpo, liberdade de escolha, aborto e ocupações dos espaços de poderes estão sobre a mesa.

“Numa sociedade estruturada pelo racismo patriarcal, raça e gênero são dois dos principais marcos imediatos de identificação – mas também de subalternização social – de uma pessoa. A forma como as opressões do racismo e do sexismo se interseccionam para produzir vulnerabilidades específicas contra mulheres negras nos remete à frase de Grada Kilomba : “Uma mulher negra diz que ela é uma mulher negra. Uma mulher branca diz que ela é uma mulher. Um homem branco diz que é uma pessoa.”

No Brasil a baixa representatividade das mulheres negras na política é gritante, provocam sofrimentos e promovem desigualdades .

Fatores como composição populacional, politica e situação socioeconômica  se modificam de  município à município. Com isto expressões sustentadas no conservadorismo religiosos e morais, nas  práticas machistas e racistas, também existentes dentro dos partidos da direita e da esquerda, fortalecem este regime de ausência das mulheres nos espaços de poderes.

As mulheres estão em menor número na política ao poder judiciário, em todo o mundo.   

Dia (4), nos Estados Unidos, o Comitê judiciário votou pela primeira vez, a favor da nomeação para que uma mulher negra ocupe o cargo de juíza na Suprema Corte norte-americana. Ketanji Brown Jaksom . Extremante importante, a acende o radar da falta de juízas negras nas Supremas Cortes no Mundo.  

Existe uma ideia intencional e não verdadeira de demostrar que muitas mulheres negras tem se despontado na política, judiciário, como dirigentes, produtoras de economia e trabalho.  

Para as poucas que conseguem furar o bloqueio e chegar, como foi o esforço feito para conseguir subir, como é dito popularmente, “os degraus da vida”?  E quando chegou ao topo, como se estabeleceram as relações no ambiente conquistado?

Cabe ressaltar as manifestações veladas como ELES gostaria que Eu mulher negra fosse : boazinha, recatada, queridíssima, que apenas concorde balançando a cabeça. E em nome da boa convivência humanitária, aceitar obedientemente a ideia das relações contemporâneas de igualdade a partir do que circulam principalmente na boca dos homens.

Eu falo do proposito direto das práticas do racismo quando utilizam elementos da inferioridade, pejorativos, da pobreza, desintelectualização e até mesmo de frases prontas para menosprezar, silenciar e despontencializar nós mulheres negras.

E tudo é para que não ocupemos empoderadamente os espaços autodesignados para eles!


Fotos :promoviw/UOL

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