Altas taxas de mortalidade materna, violência obstétrica são fatores que marcam a vida das mulheres negras no Brasil.
Leio todas as matérias que falam sobre os direitos sexuais e reprodutivos, mortes maternas e violência obstétrica.
Neste período de pandemia
chama atenção o elevado número de mortes maternas, mortes maternas precoces, número
baixo de pré-natal e dificuldades encontraram para as grávidas tomar vacina
contra a COVID.
O número de mortes maternas por Covid-19 mais do que dobrou nas 13 primeiras semanas de 2021. Passou de 10,4 óbitos (449 mortes em 43 semanas de pandemia de 2020) para 22,2 nas primeiras semanas , com 289 mortes.
Desde o início da pandemia foram 9.479 casos
de internações por Covid entre gestantes e puérperas, com 738 mortes.
Historicamente as mulheres negras ativistas vem denunciando
os altos índices de mortes maternas, violações de direitos e violência obstétrica
que ocorrem entre mulheres negras.
Em 2018 a jornalista Fabiola Ferraz fez uma matéria para o Jornal online do R7, com trechos que me chamou atenção:
“Nascer e morrer são verbos dolorosos para mulheres negras”.
“Entre o nascimento e a morte, porém, as mulheres negras enfrentam ainda uma série de outras violações que vão da infância à vida adulta e permeiam todas as esferas que se possa imaginar.
Frases que revelam as assimetrias
do racismo, violências que as mulheres negras são submetidas e os números das batalhas
pessoais.
No Brasil o alto número de óbitos maternos associados à doença é atribuído, principalmente, à falta de assistência adequada. As mulheres negras grávidas são as principais vítimas da falta de investimento e assistência adequada na saúde pública.
Entre mulheres negras, as principais causas de morte materna, são decorrentes de doenças como: hipertensão, hemorragia e infecções. Doenças previsíveis que podem ser evitadas se no pré-natal for seguro, livre de violações, amparado e desenvolvido com diretrizes das boas práticas do parto humanizado.
A Precocidade de óbitos maternos também ressaltam as altas
taxas de mortes infantis.
A prevalência de doenças crônicas e infecciosas somadas com a situação econômica do Brasil, surgem milhares de casos de desnutrições entre as gravidas e crianças.
Os níveis de destruição crescem a medida que o acesso aos
diretos fundamentais se tornam mais distantes.
Em dezembro de 2021, m 116 milhões de pessoas sofriam com algum grau de insegurança alimentar. A metade da população brasileira.
“Elas
envolvem problemas de saúde que se transformam em mazelas sociais, econômicas e
educacionais e podem ser irreversíveis, sobretudo nas crianças”.
O número de crianças internadas com SRAG(Síndrome Respiratória
Grave), apontam para uma reflexão dos cuidados específicos e necessários para
não contaminação da COVID entre as crianças , mas também para o quadro alarmante
de desnutrição do Brasil.
Até agosto de 2021 89.826 crianças de 0 a 14 anos foram
internadas em leitos de enfermaria ou de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) em
todo o país.
A faixa etária de 0 a 4 anos foram as mais afetadas com
54.342 internações. Um aumento que amplia na medida que falta comida na mesa e medidas
que deveriam ser tomadas pelos governantes não são. É preciso vacinar as crianças.
O reflexo das desigualdades vividas também são observadas nos
espaços de controle social da saúde. Para isto cito outro trecho da mesma
matéria de Ferraz:
“Velado e escancarado ao mesmo tempo no país, o racismo ainda é uma prática recorrente. Mas, à medida que as pessoas conseguem questionar a lógica racial dos espaços públicos, explica Luana, é possível falar em alguma mudança.
“Ainda é muito difícil, mas
diversas mulheres negras têm conseguido reivindicar seus direitos de uma forma
mais ampla.”
Um levantamento da ONG Criola mostrou que as mortalidade de
gravidas e puérperas negras pela covid-19, desde o início da pandemia, em março
de 2020, superaram em 78% os óbitos das mulheres brancas em todo o
país. Os dados revelam que a região Norte é a mais
desproporcional: 87% das mortes são de mulheres negras. Na sequência aparece o
Nordeste, com 71% óbitos. Na avaliação da entidade, essa é mais uma
demonstração do racismo
no Brasil.
Não se trata de vitimismo sem consistência. As mulheres
negras são de fato as principais vítimas do racismo no sistema de saúde pública
no Brasil.
São reféns deste modelo operante que romantiza e naturaliza
práticas invasivas, por acreditar na ideologia da democracia racial e colocar
na frente da ciência a concepção racial subjetiva, “claramente” detectada nas
linguagens, abordagens, acolhimento, tempo de consulta, desinteresse a escuta,
dificuldade de consultas e exames específicos, erros nos diagnósticos e
dos preenchimento de prontuários até os formatos adotados de
avaliações dos comitês e Fóruns mortalidade materna/saúde da mulher. Muitos se
quer consideram grupos étnicos/racial e as desigualdades existentes no seu território.
O Brasil firmou compromisso de diminuir os números de mortes
maternas até 2030, dentro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável Assim
sendo, é necessária a sua eliminação por meio do seu reconhecimento no país e
da promoção de mudanças na cultura organizacional, objetivando a adoção de
práticas de combate ao racismo dirigidos ao seu enfrentamento, assim como a
comunicação pública de compromisso do país com a diversidade e enfrentamento de
atos discriminatórios, a fim de que todos possam ter o acesso devido aos
serviços públicos sem qualquer discriminação, já que a saúde é um direito de
todos e um dever do Estado, conforme prescreve a Constituição brasileira de
1988.
Nenhum comentário:
Postar um comentário