Por Mônica Aguiar
A população negra soma 53,6% do total no Brasil, (IBGE).
No entanto, a representação política nas
esferas de decisão do país, a presença das mulheres negras é inversamente
proporcional ao seu tamanho.
Os espaços de decisão
democrática, participação social, nas casas legislativas, governos estaduais e municipais
não reproduzem a configuração quantitativa do contingente social da população
negra. Esta não configuração de representação, fomenta a falta do pleno
exercício da cidadania, contribuem com as distorções das pautas transversais
que são estabelecidas como compromissos assumidos nos tratados, conversões e
Leis nacional de combate ao racismo.
Ao ser confrontado
com as estatísticas, o racismo sustentado pelas mazelas em três séculos
de escravidão é minimizado pelo sistema nativo hierarquizado branco.
Revela-se sem meias palavras no sofrimento das mulheres negras pela
sobrevivência.
Na Revisão Periódica
Universal da Organização das Nações Unidas (ONU), para analisar a situação interna de direitos humanos nos
Estados membros da ONU, o Brasil recebeu 246 recomendações para combate ao
racismo estrutural existente. Dentre estas, destacamos a determinação para se
construir reforma legislativa específica para fortalecer as medidas contra a
discriminação baseada no gênero e na etnia; implementar medidas destinadas a
prevenir a violência e a discriminação racial contra a população negra.
Dos poucos avanços
que obtivemos, frutos de muitas lutas, os problemas políticos atuais
estabelecidos pela atual Gestão pública nacional, nos remetem à perdas significativas,
dando largos passos para trás.
A falta de relevância
com a ciência, a falta de consideração as Leis direcionadas ao desenvolvimento
de políticas públicas, antirrepublicanismo, aversão aos valores que formulam a
democracia, o negacionismo as medidas reparatórias são ainda características de
vários setores no Brasil.
Reafirmo que são as mulheres
negras as que mais amargam a falta de oportunidades. Sofrem diretamente com
todas as variantes das violências, preconceitos, discriminações e com racismo
estrutural e suas práticas institucionais.
Carregam a
responsabilidade de lutar por sua própria conta e sorte, pela transformação de
sua história e de suas gerações.
Neste período de
pandemia o fosso racial se tornou mais profundo, agravando com extremismo as desigualdades
sociorraciais, principalmente quando considerarmos vacinações, medidas de distanciamento,
mortes materna e neonatal, desempregos e renda emergencial.
Falar da mulher negra
no Brasil é falar de uma história de exclusão onde as variáveis sexismo,
racismo e pobreza permanecem estruturantes.
Porém nossas
bandeiras de luta ainda causam desconfortos na sociedade, existem resistências diretas
de parcelas da população que acreditam na existência da democracia racial.
Manifestações públicas
ideológicas, de ódio racial e controversas sobre conceitos racial históricos e científicos
são denunciadas diariamente. Estão presentes nas redes sociais e são contrários
a quase tudo que é publicado principalmente por mulheres negras que respaldam a
garantia de direitos, livre exercício da cidadania, oportunidades, igualdade,
equidade abrindo o debate direto com a sociedade para possibilidades das reparações
dos danos causados pela escravidão.
Hoje são 63,7% dos
desocupados, o que corresponde a 8,3 milhões de pessoas. Em Agosto
de 2020, as mulheres estavam entre o maior grupo de desemprego 14,9%. A população
negra,17,8%, e parda, 15,4%, totalizando a maior parcela de desempregadas. Mais da metade dos 13,9 milhões de brasileiros
sem trabalho são do sexo feminino; seis em cada dez (60,0%) se autodeclaravam
pretos ou pardos.
Ao analisar este
grupo, dentro deste período, a taxa de ocupação e a diminuição da renda, as
mulheres negras são minoria de ocupadas, são as que mais tiveram a renda diminuída
e que perderam renda. O número de pessoas sem perspectivas, na extrema pobreza
e passando fome só crescem.
Mesmo assim, com
tanta gente passando fome e na miséria, muitas pessoas não param para pensar o
que significam estes ataques preconceituosos e qual prejuízos trazem tais práticas
racistas formuladas com teorias escravagistas.
O dia 25 de Julho é
uma data para rememorar a luta das mulheres negras latino-americanas e
caribenhas para toda a sociedade.
O momento para fazer análises
dos retrocessos e falta de efetivação de políticas públicas voltadas para a
redução da desigualdades que ameaçam de maneira mais acentuada a vida de
mulheres negras.
Uma data para avaliar
a invisibilidade existente.
Criar pautas do nosso
papel histórico na construção e organização da história brasileira em seus
diversos campos, considerando todos os protagonismos existentes que contribuiu
e contribui significativamente com a construção econômica, cientifica, social,
justiça e política na sociedade brasileira.
No Brasil, em 2014, o
dia 25 de julho foi declarado como Dia Nacional da Mulher Negra a partir da
data regional, em homenagem à líder quilombola Teresa de Benguela, que viveu em
Mato Grosso e lutou contra a escravidão no século XVII. Símbolo da resistência
negra na região do Vale do Guaporé, no Mato Grosso, no período de 1750 a 1770.
Mas a instituição da data
25 de julho antecede 2014, foi aprovada em 1992 no 1º Encontro de Mulheres
Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, na República Dominicana, em um
encontro que foi construído para dar visibilidade
à luta das mulheres negras contra a discriminação, preconceitos, exploração sexual,
contra o racismo, vivido até hoje.
Saudemos a vida, a resistência
e luta das mulheres negras!
Um comentário:
O Manifesto das mulheres negras contra o manifesto da mulher branca?
Elisa Larkin Nascimento, presidente do Ipeafro - Elisa é viúva do líder eclético afro ativista político Abdias do Nascimento
A cultura do Racismo des$e$trutural conservador e desagregador na sociedade negra afro brasileira!
O correto justo, legal e certo seria você, Elisa Larkin Nascimento mulher branca privilegiada como tu , faço-lhe um auto convite: Deixe o importante legado o acervo maravilhoso do grande Abdias do Nascimento (N SP 1914 F RJ 2011) aos negros as negras ou aos pretos e pretas como muitos gostam ser identificados e são pessoas de excelente qualidade e responsabilidade que poderiam fazer deste um ótimo trabalho a sociedade afro-brasileira e a todos admiradores da nossa cultura e história negra. Cara Elisa Larkin Nascimento os negros lutaram sim pela abolição, independência a liberdade e a bendita autonomia. Sabemos que tens todo direito jurídico legal deste rico acervo, congregado também com inúmeras doações e apoios, mas é uma posse desleal imoral e até irônica e absurda. O ideal que deveria ser pública. Totalmente diferente dos discursos memorareis, de Abdias ou seria como saudoso Agnaldo Timóteo cantor afro ativista dizia com ironia" Faça o que eu falo mas não faça o que eu faço" ao Abdias. O que nós precisamos são atitudes nobres e não discursos demagogos e monopolizadores e manipuladores de pseudamas equivocadas Princesas Isabéis fora do contexto? Cara sra. Larkin? A sábia e valente mulher negra não precisa de tutoras e o mal manuseio da nossa vida e história, como nossa comunidade estivasse no abandono de incapaz e dormindo na boçalidade na benção maligna das elites dominantes conservadores racistas fascistas brasileiras. Como dizia (Dona Gusta Oliveira. N. MG 1912 - F SP 1974). Quilombista Gamista Getulina da FNB 1930 e da fundadora da ONNQ 1970. O seu lema da bandeira Quilombista "Ser ter afro conscientização é atitude dignidade e amor a negritude ".Viva Zumbi! ONNQ 20/11/1970-2021-50 Anos!
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