segunda-feira, 5 de julho de 2021

A médica Jurema Werneck demostra o papel dos negacionistas para aumento da mortes evitáveis e fortalecimento da segregação racial, na CPI da Covid

 Por Mônica Aguiar

Dra. Jurema Werneck, Mulher Negra, médica, lésbica e feminista, cultua as tradições de matriz africana é diretora da Anistia Internacional no Brasil.

Para estar nos espaços que representa Dra. Jurema passou por centenas de dificuldades sociorracial estruturais impostas para as mulheres negras.  

Sua trajetória de luta, dar exemplos e estimula outras mulheres negras a seguir pelos mesmos caminhos em busca das reparações.

Ao estar presente na CPI da Covid no Senado, demostrou com altives a importância das mulheres negras em ocupar espaços que estão constituídos por maioria de homens brancos. 

Os pesquisadores Dra. Jurema Werneck e Dr. Pedro Hallal  foram convidados pela  CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para ser ouvidos pela CPI da COVID, na quinta-feira 24 de junho.

Porém  podemos falar mais, ao relembrar a participação da Dra. Jurema Werneck na audiência da CPI no Senado.  

Werneck cobrou responsabilização e criticou a atual gestão federal pela crise sanitária. 

Falou que milhares de mortes por covid-19 no país que poderiam ser evitadas se a condução do Ministério da Saúde não permanecesse na contramão da ciência mas com responsabilidade imediata, sem demora na aquisição das vacinas, com testagens, com investimento para adequar o sistema de saúde pública, com orientação da população e Governos, de modo estratégicos de enfrentamento, estimulando o uso de máscara e o distanciamento social.

“Esses devem ser responsabilizados não apenas no sentido imediato, mas é preciso passar uma importante mensagem à sociedade, a todos e todas: que isso não vai se repetir, porque isso não pode se repetir, isso não pode ser aceito por ninguém, que gestores que estavam em posição de fazer o que deviam tenham se recusado, a custo de tantas vidas”, afirmou. ( Do Jornal G1) 

Falou da perversidade em utilizar para sociedade o termo “imunidade de rebanho”. Temo utilizado por fazendeiros pecuaristas e veterinários. Reafirmou que o termo correto é Imunidade Coletiva.

Eu cá ao pé das montanhas das Minas Gerais, na minha amada região e Distrito de Belo Horizonte Venda Nova, que tem seus mais de 200 anos de existência, sei muito bem, que quando utilizam este termo para população, estão falando da população negra.

O nosso País carrega e sustenta as mazelas da história de mais de 300 anos de escravidão. Dentre os países da América, o Brasil foi o último a abolir a escravidão negra formalmente em 1888 e, mesmo após a formalização da denominada liberdade, ainda persistem formatos e resquícios verbais escravagistas. 

Depois de todos estes séculos, percebemos que se mantém enraizado no inconsciente coletivo da sociedade brasileira o pensamento que impedem a população negra de exercer concretamente e com liberdade sua cidadania.

A naturalização destas situações, afirmações, termos e falas, formam pensamentos que já fazem parte da vida cotidiana do povo brasileiro e, vem sustentando direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial. 

Um método que atinge duramente e cotidianamente a população negra, desta principalmente as mulheres negras e suas gerações.

Jurema Werneck apresentou à CPI o estudo do Grupo Alerta, levou em consideração a presença da doença e as mortes em decorrência da pandemia. “Mortes evitáveis por Covid-19 no Brasil”

De acordo também com o estudo, se os Gestores do Ministério da Saúde tivessem, realizado medidas de controle da transmissão do vírus, haveria uma redução de 40% no potencial de transmissão do vírus.

Nos estudos apresentados também foi afirmado que a demora da compra de vacinas levou a mortes de pelo menos 95,5 mil pessoas, que poderiam ter sido evitadas.

Para Jurema Werneck, o caos da pandemia é causado por negligência. Ressaltou a necessidade e a urgência da criação de um decreto garantindo distribuição de máscaras e acesso a medidas que evitem o contagio, considerando a atual situação socioeconômica que se encontra a população brasileira.  

"Ao não colocar em prática, não mover o Sistema Único de Saúde com o potencial de liderança, de indutor do sistema, de não fazer as previsões e não fazer os investimentos necessários, não há dúvida que o Ministério da Saúde falhou terrivelmente – poderia ter sido diferente – e segue falhando", disse Jurema Werneck(CNNBrasil)

 

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