Por Mônica Aguiar
Dra. Jurema Werneck, Mulher Negra, médica, lésbica e feminista, cultua as tradições de matriz africana é diretora da Anistia Internacional no Brasil.
Para estar nos
espaços que representa Dra. Jurema passou por centenas de dificuldades sociorracial
estruturais impostas para as mulheres negras.
Sua trajetória de luta,
dar exemplos e estimula outras mulheres negras a seguir pelos mesmos caminhos
em busca das reparações.
Ao estar presente na CPI
da Covid no Senado, demostrou com altives a importância das mulheres negras em ocupar
espaços que estão constituídos por maioria de homens brancos.
Os pesquisadores Dra. Jurema Werneck e Dr. Pedro Hallal foram convidados pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para ser ouvidos pela CPI da COVID, na quinta-feira 24 de junho.
Porém podemos falar
mais, ao relembrar a participação da Dra. Jurema Werneck na audiência da CPI no
Senado.
Werneck cobrou responsabilização e criticou a atual gestão federal pela crise sanitária.
Falou que milhares de mortes
por covid-19 no país que poderiam ser evitadas se a condução do Ministério da
Saúde não permanecesse na contramão da ciência mas com responsabilidade imediata,
sem demora na aquisição das vacinas, com testagens, com investimento para
adequar o sistema de saúde pública, com orientação da população e Governos, de
modo estratégicos de enfrentamento, estimulando o uso de máscara e o distanciamento
social.
“Esses devem ser responsabilizados não apenas no sentido
imediato, mas é preciso passar uma importante mensagem à sociedade, a todos e
todas: que isso não vai se repetir, porque isso não pode se repetir, isso não
pode ser aceito por ninguém, que gestores que estavam em posição de fazer o que
deviam tenham se recusado, a custo de tantas vidas”, afirmou. ( Do Jornal G1)
Falou da perversidade
em utilizar para sociedade o termo “imunidade de rebanho”. Temo utilizado por fazendeiros
pecuaristas e veterinários. Reafirmou que o termo correto é Imunidade Coletiva.
Eu cá ao pé das
montanhas das Minas Gerais, na minha amada região e Distrito de Belo Horizonte
Venda Nova, que tem seus mais de 200 anos de existência, sei muito bem, que
quando utilizam este termo para população, estão falando da população negra.
O nosso País carrega e sustenta as mazelas da história de mais de 300 anos de escravidão. Dentre os países da América, o Brasil foi o último a abolir a escravidão negra formalmente em 1888 e, mesmo após a formalização da denominada liberdade, ainda persistem formatos e resquícios verbais escravagistas.
Depois de todos
estes séculos, percebemos que se mantém enraizado no inconsciente coletivo da
sociedade brasileira o pensamento que impedem a população negra de exercer concretamente e com liberdade sua cidadania.
A naturalização destas situações, afirmações, termos e falas, formam pensamentos que já fazem parte da vida cotidiana do povo brasileiro e, vem sustentando direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial.
Um método que atinge duramente e cotidianamente
a população negra, desta principalmente as mulheres negras e suas gerações.
Jurema Werneck apresentou
à CPI o estudo do Grupo Alerta, levou em consideração a presença da doença e as
mortes em decorrência da pandemia.
De acordo também com o
estudo, se os Gestores do Ministério da Saúde tivessem, realizado medidas de
controle da transmissão do vírus, haveria uma redução de 40% no potencial de
transmissão do vírus.
Nos estudos
apresentados também foi afirmado que a demora da compra de vacinas levou a mortes
de pelo menos 95,5 mil pessoas, que poderiam ter sido evitadas.
Para Jurema Werneck, o
caos da pandemia é causado por negligência. Ressaltou a necessidade e a
urgência da criação de um decreto garantindo distribuição de máscaras e acesso a medidas que evitem o contagio, considerando a atual situação socioeconômica que
se encontra a população brasileira.
"Ao não colocar
em prática, não mover o Sistema Único de Saúde com o potencial de liderança, de
indutor do sistema, de não fazer as previsões e não fazer os investimentos
necessários, não há dúvida que o Ministério da Saúde falhou terrivelmente –
poderia ter sido diferente – e segue falhando", disse Jurema Werneck. (CNNBrasil)
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