Por Mônica Aguiar
Mônica Calazans tem 54 anos e trabalha na UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e, no Pronto Atendimento de São Mateus (zona leste) em São Paulo. O Instituto de Infectologia Emílio Ribas é referência no tratamento de doenças infecciosas. Monica deu plantão neste domingo (17) na UTI do hospital.
Uma mulher de coragem e determinação!
Viúva, mora com o filho, de 30 anos. Ainda cuida da mãe, que tem 72 anos.
'É a grande chance que
a gente tem de salvar vidas', disse Mônica Calazans.
Com grande orgulho de seu trabalho
e de ter sido voluntária na pesquisa para a produção da vacina. Ela disse que
tomou coragem para ser voluntária no estudo depois que quase perdeu um irmão caçula
para doença.
Monica conta que foi ironizada quando decidiu participar dos testes. Recebeu memes e piadinhas. Pessoas desenformadas classificaram sua atitude como “ A cobaia de pesquisa de vacina”.
Mesmo sofrendo com vários ataques Monica não desistiu da pesquisa e ontem protagonizou representando a população brasileira e a maioria da composição de trabalhadoras em saúde do Brasil. As Mulheres negras.
Em entrevista ao Estadão no início
do ano, falou sobre o clima da segunda onda da pandemia entre os trabalhadores
de serviços essenciais. Contou que tinha medo da pressão do aumento de contágio
sobre a rede de saúde pública, mas que estava esperançosa com a vacina.
A imunização de Mônica aconteceu no
Hospital das Clinicas , pouco depois que a Anvisa ter liberado o uso
emergencial da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com a
chinesa CoronaVac.
Entre a politização da vacina no
Brasil e tantas desinformações geradas por Governantes, vindas principalmente do
Presidente do Brasil e seu grupo político, uma mulher negra, trabalhadora da saúde
, não fugiu de externar ao mundo a importância da vacina para população
brasileira, dando exemplo de cidadania.
"Tenho muito orgulho disso, dessa grande oportunidade. Falo como brasileira. Vamos nos vacinar, não tenham medo. É o que estávamos precisando. É o que estávamos esperando. Pra gente poder voltar a vida normal. Dar um abraço, um aperto de mão", disse Monica.
"Quem cuida do
outro tem que ter determinação e não pode ter medo. É lógico que eu tenho me
cuidado muito a pandemia toda. Preciso estar saudável para poder me dedicar.
Quem tem um dom de cuidar do outro sabe sentir a dor do outro e jamais o
abandona," disse Mônica, de acordo com a assessoria de imprensa do Emílio
Ribas.
Ao chegar no local da primeira vacinação Monica Calazans fez
questão de cumprimentar o governador de São Paulo João Dória com toque, mão
fechada.
Muito emocionada reafirmou sua condição de mulher negra: “...Estou falando agora, como brasileira, mulher
negra,
que acreditem na
vacina. Vamos pensar no monte de vidas que nós perdemos, quantas famílias nós
perdemos, quantos pais, mães, irmãos. Eu quase perdi um irmão também com Covid.
E diante disso é que eu tomei coragem e participei da campanha da vacina."
“...... Vamos pensar nas vidas que perdemos” !
Monica Calazans conhece de perto todos os sofrimentos das mazelas
do racismo e desigualdades sociais enfrentado pelas mulheres negras no Brasil.
Sua rotina não foge as regras da maioria das mulheres negras brasileiras. Moradora
no estremo da Zona leste em SP, utiliza transporte público e, leva cerca de uma
hora e meia para chegar ao trabalho. Concluiu
a faculdade de enfermagem aos 47 anos de idade e com 26 anos de atuação como
auxiliar de enfermagem.
Monica é diabética e hipertensa e se voluntariou para atuar
na linha de frente contra a covid-19. O imunizante foi aplicado por Jéssica
Pires de Camargo, 30 anos, enfermeira de Controle de Doenças e Mestre de Saúde
Coletiva pela Santa Casa de São Paulo.
Monica Calazans foi a vencedora do 1º prêmio Notáveis, na categoria “Heroína do Ano”, exibido pela CNNBrasil no dia 13/12. O prêmio representa um reconhecimento para todos os enfermeiros, médicos e profissionais da saúde que estão na luta contra o Coronavírus.
“Foi de suma importância a enfermagem nesse caos. Tivemos comprometimento, solidariedade e cuidado, para que a população percebesse o quão nosso papel é fundamental”, comentou em entrevista no COREN-SP.
“É o recomeço de uma
vida que pode ser justa, sem preconceitos e com garantia de que todos nós
teremos as mesmas condições de viver dignamente, com saúde e bem-estar”
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