Por: BRUNNA CONDINI
Rio - Uma escrava alforriada que virou mito nacional: ela é Chica da Silva, personagem central do espetáculo homônimo ‘Chica da Silva — O Musical’, que estreia amanhã, no Centro Cultural Correios. “Não me interessa uma investigação sobre a vida pessoal dela, mas, sim, explorar os temas de libertação, negritude e cultura brasileira, que é o que faremos”, diz o diretor Gilberto Gawronski.
O musical chega 40 anos depois do aclamado filme ‘Xica da Silva’, do cineasta Cacá Diegues. A atriz Vilma Melo vive a protagonista na montagem, que pretende destacar a força da mulher negra brasileira. “É muito bom interpretar uma personagem que já está no imaginário, um ícone em termos de atitude feminina”, diz a atriz. “É difícil ser mulher nesse país. Negra, então, a dificuldade é dobrada. Embora já tenhamos evoluído na questão, isso não exclui o fato de que ainda estamos na camada mais baixa da sociedade”, completa.
A autora Renata Mizrahi dividiu a história de Chica em três momentos: o passado, que resgata sua biografia; o presente, em que a personagem é representada pela mulher que conquista seu espaço na sociedade, e a imaginação, que mostra a vida como a personagem gostaria que fosse. “Aproximamos Chica da mulher negra do século 21, que ainda tem de lidar com injúrias raciais em seu cotidiano e, muitas vezes, precisa se ‘embranquecer’ para ser aceita”, esclarece Renata.
Vilma afirma que, embora o tema seja amplamente discutido, ainda há muito por fazer. “Parece que estamos falando mais do mesmo, mas é necessário. Quando pensamos que estamos virando essa página da história, acontece de novo”. A atriz diz que o preconceito está arraigado na sociedade.“Muitas vezes, são atitudes até inconscientes. Só um outro negro reconhece os olhares. É como se você não devesse estar ali, ocupando algumas posições”.
Fonte: Odia.IG
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