segunda-feira, 26 de junho de 2023

Insegurança alimentar, um sofrimento presente nos lares chefiado por mulheres negras

 
Por Mônica Aguiar 

Em várias pesquisas, os dados sobre renda e pobreza são apresentados segundo o rendimento médio do trabalho e  com base na renda domiciliar per capita (RDPC), ou, ainda, de acordo com linhas de pobreza baseadas no salário mínimo (SM). 

Em todas estas classificações, é possível perceber o aumento da pobreza e das desigualdades.

A população feminina é maioria da população brasileira. 

Lares chefiados por pessoas  pardas e pretas são mais  de 60% dos que sofrem com a  insegurança alimentar. A situação de insegurança alimentar é dada a famílias/pessoas que não tem acesso regular e permanente a alimentos em quantidade suficiente, comprometendo outras necessidades essenciais. 

Uma pesquisa lançada  pela Rede Brasileira de  Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN) demostra a distância que muitas famílias estão em ter Segurança Alimentar.

Lares em situação de insegurança alimentar , classificada como moderada e mais grave são  34% dos lares chefiados pessoas pardas e 39,1% lares  chefiados por pessoas pretas. 

Ou seja, a maioria nestas péssimas condições pertencem ao grupo população negra. 

A situação de fome se torna mais grave e frequentes  quando analisados os lares chefiados por pessoas pretas (20,6%), seguidas de pardos (17%) e brancos (10,6%).

Na composição familiar no Brasil, as mulheres negras são em maioria chefe de família e apenas 30,1% dos domicílios chefiados por elas não sofrem com a insegurança alimentar.

Um  boletim lançado em março, deste ano  pelo DIESSE, também demonstra que  em 2022, as mulheres eram a maioria entre os desempregados, (55,5%). Os arranjos mais vulneráveis são os da chefia feminina com filhos sem cônjuge. A  renda do trabalho do domicílio e a renda per capita foram as menores entre os arranjos analisados.

Entre as famílias chefiadas  por mulheres negras, a maioria estavam fora do mercado de trabalho, somando quase 3 milhões de pessoas, e, entre as lideradas por não negras, a proporção era semelhante, 44,2%, ou 1,9 milhão de mulheres, no 3º trimestre de 2022.

Na pesquisa também podemos observar a posição na ocupação, que  comprova a vulnerabilidade das chefes de família negras. 

Estes dados demostram o quadro de insegurança alimentar entre famílias negras.

As residências chefiadas por mulheres negras apresentam os piores indicadores de insegurança  alimentar   no Brasil. Situação  que permanece a anos e,  fica acentuada com o agravamento das desigualdades sociais  e econômicas e consequentemente aumento da miséria e fome.

         “Os dados conseguem marcar bem o cenário de racismo e de sexismo na estrutura da sociedade brasileira. Há um aumento expressivo dos níveis de insegurança alimentar nos domicílios liderados por mulheres negras, mesmo com níveis de escolaridade, renda e condições de ocupação semelhantes”, afirma a pesquisadora da Rede Penssan e professora do Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rosana Salles-Costa.

 MATÉRIAS REFERENTES 

  • https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/06/26/dois-em-cada-tres-domicilios-chefiados-por-negros-sofrem-com-inseguranca-alimentar-diz-estudo.ghtml
  • https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2023/mulheres2023.pdf
  • https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2023/06/26/fome-e-mais-presente-em-lares-chefiados-por-mulheres-negras.ghtml


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