Por Mônica Aguiar
Este ano de 2022 ampliaram o número de agendas
que falam do 08 de Março. Muitas destas agendas que tiveram grandes visibilidades são comemorativas, sem reflexões e reivindicações.
De maneira geral o Tema Mulher se tornou palco dentro de muitas
plataformas e redes de comunicação social.
Como estamos fechando o verão, nada melhor que apimentar esta
última semana falando das divulgações que colocam o dia 08 de março,
como um dia de grande comemoração para a mulher.
O mês de Março, em especial o dia 08 é muito importante e
significativo para todas as mulheres. Marca a história de conquistas obtidas
nas políticas públicas, a defesa da vida, as ações para enfrentamento e combate
à violência, o combate ao genocídio, defesa do exercício da cidadania, denuncia
as desvantagens das desigualdades sociais, dentre tantas.
É muito difícil entender as contradições existentes em vários
seres humanos, principalmente entre os homens. Mas não é difícil de perceber que
muitas destas contradições são frutos das concepções morais e ideológicas.
Neste sentido, neste 2022, foco meu olhar nas agendas onde
homens ocuparam agendas que as mulheres deveriam ser protagonistas.
Muitas pessoas vão perguntar: Qual o problema de um homem
falar para as mulheres?
Eu devolvo a resposta com três perguntas: Por que um homem reivindica falar no mês das
mulheres, em agendas construídas com pautas das mulheres?
O mês de março é para promover debates e dar visibilidade as desigualdades
existentes entre homens e mulheres. Chamar para reflexão e debate da ocupação
de espaços que já são ocupados exclusivamente e majoritariamente por homens.
Porque um homem quer tem toda liberdade de ir e vir quer ocupar
também este pequeno espaço?
Neste período de relaxamento das medidas protetivas que
existiram na Pandemia, as pessoas começam a sair de casa e dão muita atenção nas
agendas de interesse social e aos tutoriais que retratam assuntos específicos.
Para muitos homens, lugares de ambientes que promovam o
destaque, visibilidade, reflexões, consciência dos diretos e que interfiram no
poder de decisões das pessoas, não podem ser ocupados por mulheres.
Para muitos homens, o lugar da mulher é no lar. Mesmo que a
mulher trabalhe fora e cumpra a dupla jornada de trabalho. Existem várias estratégias,
poucos percebidas, que induzem, forçam a mulher cumprir com a responsabilidade
da criação, formação dos filhos e responsabilidades com as tarefas cotidianas dos
lares.
Então porque os homens em sua ampla maioria não organizam as agendas
para que o “palanque” seja ocupado somente por mulheres? Deitem e deleitem desta cama macia e esplendida.
Os homens no mês de Março não fazem Marchas, encontros,
likes, lifes, podquests com homens e para os homens de toda a sociedade com desígnio
de debater qual a melhor estratégia para romper com as múltiplas formas de
violências existentes, com o racismo, com as desigualdades econômica e social,
com as mortes e extermínios evitáveis!
Não demostram a menor intenção de promover agendas para dar
visibilidade para as mulheres que são atuantes em diversas áreas e, nem, tem, a
menor pretensão de reformular os espaços políticos, judiciários, das forças armadas, dos comandos nas grandes empresas pública e privada para que, as
mulheres ocupem tais espaços no mesmo pé de igualdade.
Esta semana que fecha o mês de Março, antecedendo as eleições
foi lançada pelo ministro Edson Fachin do TSE, a Ouvidoria da
Mulher.
Conforme informações divulgadas, a Ouvidoria tem como
objetivo prevenir e combater casos de assédio, discriminação e a violência
política.
O Ministro Fachim afirmou em uma das entrevistas que eu li que,
“apesar da luta das mulheres pela
ocupação de espaços de decisão estar mais organizada, a participação nas
esferas de poder enfrenta resistência institucional”.
Então..............
As instituições não agem e nem tem pensamentos próprios. Para que uma instituição se movimente é preciso que pessoas se movam.
Os movimentos são realizados por maioria
de homens e sempre tem caráter dominador e subjetivo. A maioria utilizam das grandes estruturas
privadas e pública para implementar valores machistas, misóginos, racistas,
homofóbicos.
O homem que ocupa um espaço institucional e não tem consciência
sobre do papel na sociedade e importância da emancipação social, econômica e dos
corpos das mulheres, vai colocar a estrutura do Estado para frear e não avançar
em qualquer política ou projeto de igualdade. Vai alimentar a sociedade com ás
assimetrias dos pejorativos machista, racista e as múltiplas formas de violências.
Então é necessário que estas belas
agendas institucionais onde os homens tem o poder da fala e deliberações, as decisões politica e institucionais sejam sucedidas de ações concretas para todas as mulheres.
Se existem reconhecimento da existência de grupos que são sub-representados ou estão totalmente fora destes espaços, é importante deixar de responsabilizar as estruturas públicas e aparelhos institucionais como se tivessem vontade própria, alheias das mãos dos homens.
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