quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Quanto fica com as mulheres negras? Estudo traz análises das desigualdades de renda no Brasil


 


Por Mônica Aguiar 

"A partir dessas informações, salta aos olhos uma desigualdade significativa interracial, seja quando olhamos a composição de cada grupo de rendimentos, seja quando olhamos a parcela da renda apropriada por grupos demográficos".

Um estudo desenvolvido por pesquisadores Ana Bottega, Isabela Bouza, Matias Cardomingo, Luiza Nassif Pires e Fernanda Peron Pereira divulgado pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made/USP) , fez a vez nas mídias do pais nesta semana.  

Ao avaliar a renda dos brasileiros  identificaram uma estatística entre aquelas que expõem o quadro da desigualdade no país historicamente denunciadas através dos movimentos de mulheres negras que : 705 mil homens brancos que integram o grupo do 1% mais rico da população detêm 15,3% da renda nacional. Este percentual significa um montante maior que o de todas as brasileiras negras adultas juntas, que compõem 14,3% da renda.

O grupo agregou informações do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), da Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (POF-IBGE) e do Sistema das Contas Nacionais, também do IBGE.  

A renda média mensal dos homens brancos que integram o 1% mais rico da população é de R$ 114.944,50, enquanto entre as mulheres negras o indicador registra renda de R$ 1.691,45. Este último grupo representa 26% da população adulta do Brasil. Já os homens brancos que estão entre os mais abastados ocupam 0,56% do contingente nacional.

A concentração de renda identificada pelos pesquisadores está expressa em outros números já editados.

Os 10% mais ricos da população em geral respondem por 54% da renda nacional, enquanto o 1% mais rico da pirâmide social brasileira abocanha 24,6% da renda total. Já o grupo do 0,1% mais abastado do país representa 12,2%, o correspondente a quase um oitavo da renda.

“Não é segredo as diferenças entre homens e mulheres, que fica mais acentuada quando olhamos para os privilégios vividos por homens brancos, distantes da realidade de mulheres negras do Brasil”. 

Com base nesses números, a pesquisa sugere que é de suma importância “dar atenção especial às mulheres negras em estudos e desenhos de políticas públicas”

Mas os números não significam que não existam mulheres negras ocupando o topo. Existem, mas em proporções absurdamente menores. Homens brancos e mulheres negras estão em extremos totalmente opostos da apropriação de renda. Segundo a publicação, observando a parcela das maiores rendas do país, os homens brancos detêm aproximadamente 28% da renda, contra 4% da apropriada pelas mulheres negras. “Ou seja, a parcela da renda recebida pelos homens brancos nos 10% mais ricos é sete vezes maior que a das mulheres negras nesse mesmo decil”, revelou o trabalho. 

O quadro se inverte por completo quando analisamos os 0,1% mais ricos do Brasil: 83% são brancos e 17% negros. “A população se torna proporcionalmente mais branca quando avançamos em direção aos décimos de renda mais elevados”,

Termina sugerindo que como uma medida para o enfrentamento dessa distorção a retomada da tributação de lucros e dividendos, que representariam 22% da renda dos 1% mais ricos do Brasil. Além disso, destaca que, mesmo entre os 1% mais ricos, os homens brancos se apropriam de 55% de todo os lucros e dividendos declarados, enquanto 18% ficam com as mulheres brancas e homens e mulheres negras somados ficam com apenas 10%.

estudo divulgado pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made/USP) 

 

 Fontes : Correio Brasiliense/Sul 21/Brasil de Fato/UOL 

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