por Mônica Aguiar
Grupos minoritários porém expressivos de pessoas da sociedade brasileira, sempre tiveram como uma
das suas principais características a aversão a tudo que é diferente de seus conceitos pessoais que são formados por valores morais e religiosos.
O racismo existe no
mundo. No Brasil ocupa lugar privilegiado na formação da sociedade
brasileira.
Eu sempre digo que o racismo é o pilar para sustentação das desigualdades existentes. Sobrevive entre todas as estruturas existentes e relações da nossa sociedade, indo desde os campos humanos, sociais aos econômicos.
Atinge de maneira dura e letal mulheres negras, crianças e jovens negros.
Mantém
o feudo hierárquico e político e todas as linhas com traços severos da segregação.
Hoje, muito mais muito
aperfeiçoado, não se trata de um simples pensamento ou comportamentos , é a metodologia
ideológica mais desumana e certa existente.
Velado, culturalmente
evangelizado, mantém o povo negro sobrevivendo através de uma falsa liberdade,
criam uma venda imaginária que impede as pessoas de perceber as mazelas e assimetrias
da escravidão.
Eu não acredito que exista
um novo padrão de racismo, existe estratégias de persuasão e atuação readequadas a valores comportamentais
e econômicos atuais.
Genocídio, massacres,
injustiças, cárceres, pobrezas, fomes, misérias, violências, segregação,
desigualdades territorial econômicas e educacional. Não faltam predicados para definir
como é estabelecido o padrão de relação da minoria da sociedade brasileira com
sua ampla maioria da população.
Mas nada disto daria tão
certo se esta minoria branca não estivesse nas mãos as estruturas públicas de
todo o Estado Democrático e de Direitos.
E para manutenção do
racismo e construção desta nova roupagem foi preciso que a minoria branca abrissem
mãos de alguns pontos e lugares de seu ideário racial e permitissem que os
negros e principalmente as mulheres negras tivessem o mínimo de acesso as denominadas
políticas públicas.
As pessoas afirmam
que existe um novo modelo de racismo e que a sociedade estar transluzindo o ódio.
Mas ambos sempre estiveram presentes e o movimento negro sempre denunciou.
Agora não fazem
questão de manter veladas suas atitudes e pensamentos. Estão em ampla maioria dentro do atual Governo Federal e governos locais reforçando as mais
variantes vértices do racismo. Hoje se sentem mais a vontade e protegidos, capazes de reproduzir aquilo que sempre fizeram.
Este seguimento existente na sociedade ainda conseguem adeptos negros para cumprir "o mesmo" papel de capitão do
mato no sistema escravagista.
Vale dizer, não há
como defender direitos humanos sem que se inclua os direitos de metade da
população mundial. À universalidade e à indivisibilidade dos direitos humanos,
soma-se o princípio da diversidade.
Quais os conceitos existentes
sobre os Direitos humanos? Quais são as variantes racistas que violam os
direitos humanos atualmente no Brasil?
Uma reportagem que Eu
encontrei do HRWNEWS diz o seguinte : “O PNDH estabelece
uma série de diretrizes e objetivos com a finalidade de aperfeiçoar a proteção
de direitos e liberdades, e tem sido a base para políticas de proteção e
promoção dos direitos humanos. Em 10 de fevereiro de 2021, o Ministério
da Mulher, Família e Direitos Humanos publicou uma portaria instituindo
um grupo de trabalho para revisar a política nacional de direitos humanos e
seus programas, e propor mudanças. O regulamento proíbe a divulgação de
qualquer informação sobre as discussões do grupo até o encerramento de suas
atividades, em novembro. Todos os catorze membros do grupo são representantes
do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Eles podem convidar
representantes de entidades públicas ou privadas para as reuniões, porém os
convidados não terão direito a voto”.
Eis uma pergunta que
não consigo deixar de apresentar: - Porque reformular a PNDH sem a participação
da sociedade civil organizada? Quem da população negra esteve nesta reforma e
quem representa?
Basta lembrarmos que extinguiram
a maioria dos conselhos, comitês e grupos de trabalho do âmbito federal que
incluíam representantes da sociedade civil.
Este Governo que
representa este seguimento de pessoas na denominada era do ódio, também suspendeu
os prazos para as agências governamentais responderem aos pedidos da Lei de
acesso à informação durante a emergência da Covid-19 e impediu os cidadãos de
ingressarem com recurso para solicitações recusadas. (Estas medidas foram
anuladas pelo Supremo).
Ouve extinção de espaços institucionais e verbas para implementação de políticas específicas afirmativas e reparatórias. Não existe investimento em programa sociais de rendas. Abandonam a ideia de realização do CENSO 21 ao realizar corte abrupto no orçamento do censo, para não divulgar os dados reais das desigualdades econômicas e sociais. Retiraram os indicadores da violência policial de qualquer ordem do relatório anual de direitos humanos.
São tantas
arbitrariedades cometidas contra a população negra do Brasil, que o foço
existente ultrapassa a base da pirâmide das desigualdades.
E por ai estão indo
na contramão da história do pouco que foi permitido construir pelas mãos do Movimento
de Mulheres Negras do Brasil.
O negacionismo e a
invisibilidade são práticas existentes que nos mulheres negras sempre
denunciamos, independente do campo da direita ou da esquerda que governe.
O racismo ultrapassa
barreiras de ideologias políticas e partidárias. É de natureza sistêmica.
A resistência contra o racismo e de suas práticas nos movem na defesa da vidas dos nossos e de toda a sociedade. Movem as mulheres que tem a compressão e reconhecimento do significa das práticas racistas em defesa das futuras gerações. Dignidade, humanidade e cidadania. Acesso, igualdade, equidade e reparações!
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