Por Mônica Aguiar
Este ano de 2020 tivemos registro recorde de candidaturas femininas na disputa pelas prefeituras e câmaras municipais.
No total de mulheres eleitas e reeleitas ou que ainda
concorrerão no segundo turno também cresceram em todo Brasil.
De acordo com Agência Senado, até o momento, os dados
oficiais mostram que para 12,2% das prefeituras foram eleitas mulheres. Na
eleição de 2016 esse número foi de 11,57%.
Os resultados finais ainda serão consolidados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até sexta-feira (20).
E mesmo com os dados oficiais não conclusivos nestas eleições de 2020, podemos afirmar que estar crescendo paulatinamente as representações das mulheres entre um pleito e outro. A participação das mulheres na política já caminham para além do cumprimento das cotas obrigatória de 30% reservada pelos partidos.
Mas
devemos, reafirmar a importância que foi ter pela primeira vez regras da reserva
de, no mínimo, 30% dos fundos eleitoral e partidário e a aplicação do mesmo
percentual ao tempo de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão
para as mulheres, com a obrigatoriedade dos partidos de fazer a divulgação
dessas candidaturas.
Para além das cotas que são fundamentais, para mim os resultados, demostram uma mudança de comportamento das mulheres na sociedade.
As mulheres estão tendo um
olhar crítico para as posturas política e comportamentos das mulheres que estão
no poder para: - propor, fiscalizar, desenvolver e gestar políticas públicas e estão
observando com mais atenção a atuação das mulheres que estão nos movimentos sociais de vários seguimentos. Principalmente as que atuam no movimento feminista.
Estão dando a atenção devida nas atuações sem acreditar nos faknews,
discriminações pejorativas, preconceitos historicamente construídos por homens
ao falar dos movimentos de mulheres.
Estamos ainda minoria. Apenas uma a cada dez candidaturas ao executivo municipal são de mulheres e, nas câmaras de vereadores, percentual é de 34%.
E ao mesmo tempo o percentual supera os 11,6% de ocupações femininas das
eleições de 2016.
A composição partidária brasileira ainda reflete a influência
do patriarcalismo na sociedade.
De acordo com o TSE, em 2020, 33,15% dos candidaturas para esses
cargos foram de mulheres. As mulheres representam 52,5% do eleitorado
brasileiro e são 45,3% das filiadas nos partidos políticos.
Segundo pesquisa “Mais Mulheres na Política”, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto Patrícia Galvão, em 2013, a opinião pública é favorável à igualdade de gênero na política.
Mais de 70% dos entrevistados consideram que só há democracia de fato com a presença de mais mulheres nos espaços de poder e de tomada de decisão.
80% dos brasileiros consideram que deveria ser obrigatória a
composição dos legislativos municipais, estaduais e nacional por metade de
mulheres.
Segundo levantamento feito pelo Brasil de Fato, nestas eleições 2020, treze mulheres negras e três transexuais fazem parte das dez candidaturas mais votadas em grandes capitais do Brasil.
Eleita para a Câmara Municipal de São Paulo, Erika Hilton é a única que aparece nas duas contagens por ser negra e mulher trans.
As Prefeitas
Nas capitais, Cinthia Ribeiro foi reeleita prefeita de Palmas
(TO). Em 2016, ela foi eleita vice-prefeita, na chapa encabeçada por Carlos
Amastha (PSB), que renunciou em 2018, quando Cinthia assumiu o cargo.
Outras cinco mulheres disputam a prefeitura no segundo turno:
Marília Arraes (PT), em Recife; Danielle Garcia (Cidadania), em Aracaju; Manuela
D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre; Cristiane Lopes (PP), em Porto Velho; e
Socorro Neri (PSB), em Rio Branco.
E mais uma mulher ainda concorrerá no primeiro turno em
Macapá. Patrícia Ferraz (Podemos) é candidata a prefeita da capital do Amapá,
onde a eleição foi adiada para os dias 13 e 27 de dezembro em razão do apagão
que atinge o estado desde o começo deste mês.
Na lista das cidades do interior que elegeram mulheres para a
prefeitura estão: Ubatuba (SP) com Flávia Pascoal (PL), São Domingos do Norte
(ES) com Ana Izabel Malacarne (DEM), Manhuaçu (MG) com Imaculada (PSB), Alto
Taquari (MT) com Marilda Sperandio (DEM), Santa Cruz do Sul (RS) com Helena
Hermany (PP), e Surubim (PE) com Ana Célia (PSB), entre outras.
Várias prefeitas seguem para o segundo mandato, como é o caso
em Caruaru (PE), onde Raquel Lyra (PSDB) foi reeleita no primeiro turno. Ela
foi a primeira mulher a assumir a gestão do município em 2016.
Simone Marquetto (MDB) continuará a governar a cidade de
Itapetininga (SP).
Também em São Paulo, Maria José Gonzaga (PSDB), já idosa, com
de 74 anos, foi reeleita à prefeitura de Tatuí.
A atual prefeita de Ipojuca (PE), Célia Sales (PTB), segue no
cargo por mais quatro anos.
Para Vereadoras
A representatividade racial entre
as mulheres mudam de acordo com a região. O grau de influência dos estereótipos,
misoginia e racismo associada a competência política ao perfil masculino e branco,
heterossexualíssimo, a posição socioeconômica, ainda, são perfis para escolha das
representações nas câmaras e prefeituras.
Mesmo sofrendo com todas as mazelas
do racismo, dificuldades de financiamentos , falta de parcerias e dentre tantos outros impedimentos, várias mulheres negras nesta
eleição foram as mais votadas no Brasil.
Campina Grande, sete mulheres foram eleitas na Câmara
Municipal. Seis a mais do que no pleito de 2016. Os três primeiros lugares em
número de votos também foram de mulheres.
A capital mineira também alcançou a maior participação
feminina da história da Câmara de Municipal de Belo Horizonte com 11 mulheres. Macaé
Evaristo e Iza Lourença negras, feministas, militantes do movimento negro e do
movimento de mulheres negras foram eleitas vereadoras, demostrando o
crescimento que era de apenas uma representação anterior. Duda Salabert é a
primeira vereadora transgênero da história de BH.
A pedagoga e ativista feminista Lola Aronovich celebrou a
votação em Florianópolis (SC) pela conquista inédita nas eleições de 2020.
Karem Santos foi eleita vereadora em Porto Alegre.
“Importante: em 300 anos de história de Floripa, apenas sete
mulheres foram eleitas. Mas agora em 2020, cinco vereadoras foram eleitas!
Histórico! Duas são assumidamente feministas, anticapitalistas e antirracistas.
A Coletiva Bemviver (Psol), com negra e indígena, se elegeu!”, destacou.
Em Cuiabá (MT), duas mulheres foram eleitas entre os 25
vereadores que irão compor a Câmara nos próximos quatro anos: Edna Sampaio (PT),
e Michelly Alencar (DEM). Na eleição anterior, nenhuma mulher foi eleita.
Curitiba elegeu a primeira vereadora negra da história da
cidade, com 8.407 votos. Carol Dartora (PT) foi a terceira candidata mais
votada da capital do Paraná.
“Elegemos a primeira vereadora negra em Curitiba, uma cidade
que rejeita sua negritude e que agora irá escurecer sua Câmara!”, ressaltou
Carol nas redes sociais.
Na cidade de São Paulo, a mulher mais votada para a Câmara de
vereadores é transexual. Erika Hilton (PSOL) obteve 50.447 votos. No Twitter,
ela comemorou o sexto lugar entre os dez primeiros colocados da capital
paulista.
“Mulher preta e trans eleita a vereadora mais votada da
cidade! Feminista, antirracista, LGBT e do PSOL. A primeira da história! Com
mais de 50 mil votos. Obrigada!", agradeceu Érika na internet.
Aos 19 anos, Nayara Oliveira foi eleita ao cargo de vereadora
em Buritis (RO), pelo Republicanos.
Foto: Brasil de Fato
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