Na sexta-feira, 7, o auditório Milton Santos do Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao) da Ufba será palco de mais uma iniciativa de ampliação e fortalecimento de ações voltadas para políticas de ações afirmativas na instituição. A fundação oficial do Coletivo Luiza Bairros ocorre às 18h30.
O Coletivo também tem a proposição, construção de políticas, fiscalização e acompanhamento das ações afirmativas e combate ao racismo dentro da Ufba como atividades centrais. A ideia surgiu a partir de uma atividade do Programa Direito e Relações (PDRR) da faculdade de Direito da Ufba, coordenado pelo professor Samuel Vida. “Após realizarmos duas mesas durante o Congresso da Ufba 70 anos, tematizando ações afirmativas e racismo no âmbito da instituição, decidimos convidar o reitor João Carlos Salles para discutir uma agenda”, contou o professor.
O encontro ocorreu em agosto deste ano com a participação de vários professores negros e durante as discussões surgiu a proposta de constituição de um coletivo para funcionar de forma ampla e mobilizar professores, técnicos e estudantes.”Nossa pauta prioritária é a implementação das cotas na pós-graduação, bem como do cumprimento da lei federal de cotas que prevê 20% das vagas para candidatos negros nos concursos e cumprimento da Lei 10639″, explicou o estudante de direito da Ufba e pesquisador do PDRR, Vitor Marques.
Além das demandas mais urgentes, o objetivo é discutir um novo modelo de universidade. “Queremos construir uma agenda propositiva e permanente de aprofundamento das ações afirmativas, além de pensar uma nova forma de fazer e viver a universidade”, completou o estudante de direito.
As reuniões do grupo ocorrem, às segundas-feiras, das 9h às 12h, na sede do Ceao. A atuação será em regime de colegiados, buscando a formulação de propostas que possibilitem aos professores, técnicos e estudantes negros interferir na democratização da Ufba. Professores, técnicos, servidores, estudantes e sociedade civil integram o grupo.
Na solenidade, na próxima sexta-feira, a doutora em letras e linguística e professora da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Nazaré Lima, irá falar sobre a trajetória de Luiza Bairros; o estudante de direito da Ufba, Vítor Marques, irá apresentar o coletivo; a mestra em estudo de linguagens pela Uneb e educadora para Relações Etnicorraciais e de Gênero, Lindinalva Barbosa, vai fazer um histórico das ações afirmativas na Ufba; o professor de direito da Ufba, Samuel Vida, será responsável por abordar as questões legais e educacionais ligadas às ações afirmativas; e a promotora do Ministério Público do Estado da Bahia, Lívia Vaz, abordará as fraudes e sistemas de verificação relativos às cotas nos concursos públicos. A mediação ficará por conta da doutora em linguística aplicada e professora da Ufba, Ana Lúcia Souza.
A escolha da homenageada é justificada pela importância intelectual, militante e educadora de Luiza Bairros.” A ideia de homenagear Luiza Bairros tem o sentido de resgatar sua relação com a universidade e sua atuação marcante como intelectual negra e militante do Movimento Negro”.
Luiza Helena de Bairros, morta em julho deste ano em virtude de um câncer de pulmão, teve a trajetória marcada pela temática da igualdade racial e de gênero. Foi ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e, na Bahia, foi titular da Secretaria da Promoção da Igualdade (Sepromi). Natural de Porto Alegre, era graduada em Administração Pública e de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Era mestre em ciências sociais (Ufba) e doutora em sociologia pela Universidade de Michigan, nos EUA. Em Salvador, atuou em diversos movimentos sociais, com destaque para o Movimento Negro Unificado (MNU). Contra o racismo, também trabalhou em programas das Nações Unidas (ONU), em 2001 e em 2005.
Fonte: Flor de Dedê DE MEIRE OLIVEIRA
Foto:Valter Campanato/ABr
Nenhum comentário:
Postar um comentário