Por Mônica Aguiar
Ao analisar as estatísticas, o racismo continua a ser subestimado pelo sistema nativo hierárquico de dominação entre os homens, isto, independentemente da cor da pele.
A manifestação deste sofrimento, é expresso por mulheres negras, em todas as esferas, tanto públicas quanto privadas, independentemente do nível de instrução e classe social.
Lembrando que a presença das mulheres negras
nas esferas de decisão do país, é inversamente desproporcional ao seu tamanho
populacional.
Os espaços de decisão democrática, participação social, casas
legislativas, governos estaduais e municipais não reproduzem a configuração
quantitativa do contingente social da população negra.
Outras variáveis são demonstradas nas diferentes dificuldades
enfrentadas quando o assunto é preenchimento de vagas para cargos
máximos.
A meu ver, tema este importante que deve ser abordado com
responsabilidade e diplomacia, livre dos valores baseados nas barreiras
sistêmicas, históricas e que impedem a população negra de alcançar igualdade de
oportunidades.
A afirmação de que a população negra, “não está preparada” é
problemática, e, são baseadas em preconceitos e estereótipos injustos.
Esta configuração existente, não garante
representação, muito pelo contrário, contribuem com as distorções das metas e determinações
estabelecidas como compromissos assumidos, assinados em Tratados,
Conversões e Leis de combate ao racismo pelo Brasil.
“Na Revisão Periódica Universal da Organização das Nações
Unidas (ONU), para analisar a situação interna de direitos
humanos nos Estados-membros da ONU, o Brasil recebeu 246 recomendações para
combate ao racismo estrutural existente. Dentre estas, destaca-se a
determinação para se construir reforma legislativa específica para fortalecer
as medidas contra a discriminação baseada no gênero e na etnia; implementar
medidas destinadas a prevenir a violência e a discriminação racial contra a
população negra”.
Os poucos avanços que obtivemos, são frutos de muitas batalhas promovida pelo Movimento de mulheres negras brasileiras.
Já, a maioria dos entraves são frutos da falta de vontade política.
É preciso analisar todas as camadas econômicas e sociais da
população negra. Considerar os números apontados nas pesquisas como dados
relevantes e não um simples recorte para desenvolver medidas paliativas de
transferência de rendas, sem a preocupação política em garantir os direitos
fundamentais com acesso igualitário, livre de burocracias e entraves raciais.
A falta de consideração as Leis direcionadas ao desenvolvimento de políticas públicas, antirrepublicanismo, aversão aos valores que formulam a democracia, o negacionismo e, a falta de ações reparatórias, são características encontradas em vários setores, sejam privados, seguimentos políticos e ordenamentos no Brasil. Dá esquerda a direita, entre brancos e negros.
Ainda existem rejeições e preconceitos quando o assunto é mulher negra.
Essas rejeições se manifestam de várias formas, desde o racismo
explícito até o racismo estrutural e institucionalizado.
O fato de negar os problemas enfrentados por todas as
mulheres negras, negar as sequelas existentes, de imaginar que falar da mulher
negra é vitimismo, é a “mais pura” demonstração que existem resquícios fortes, de
valores escravocratas estruturados entre as relações humana.
A violência sofrida cotidianamente por mulheres negras é uma questão complexa, se manifesta de diversas formas, independente da classe social dos agressores.
Essas agressões são frequentemente agravadas pela
interseção do racismo e do machismo e necessidade de domínio sobre os nossos
pensamentos e corpos.
Falar da mulher negra no Brasil é falar de uma história de exclusão, onde as variáveis existentes no sexismo, no racismo tornaram se naturalmente estruturantes.
Causa desconfortos.
Existem diferentes graus de resistências, inclusive entre a
população negra. A ampla maioria da população brasileira acreditam na existência da
democracia racial.
As sobreposições de preconceitos resultam em experiências de violência únicas e, muitas vezes mais severas.
A hipersexualização de mulheres negras pode levar a um aumento de assédios e agressões sexuais.
Além disso,
estereótipos raciais negativos justificam e minimizam a violência
sofrida, tanto na mente dos agressores quanto na sociedade em geral.
Homens independentes das etnias/raças e classes sociais podem perpetuar essa violência, embora as formas e os contextos possam variar.
Homens
de classes mais altas podem usar seu poder econômico e social para controlar e
abusar de mulheres negras. Independentemente, o resultado é um ciclo
contínuo de opressão e violência que contribuem com a perpetuação das
desigualdades.
É crucial combater a violência sofrida.
Quem sabe, incluir políticas de educação para a igualdade de raça, no sistema de justiça que proteja verdadeiramente as vítimas e responsabilize os agressores?
Manifestações públicas ideológicas, ódio racial, calorosas controversas contrários a conceitos históricos e científicos.
É preciso criar mecanismos que dê condições verdadeiras ao exercício da cidadania, com oportunidades, igualdade, equidade, reparando os danos causados
pela escravidão.
Realmente devo concordar que está no momento para construir novas pautas. Porém, nunca deixar de reconhecer o papel histórico das mulheres negras na construção e organização das estruturas econômica, cientifica, social, de justiça e política, na sociedade brasileira. Mesmo estás sendo poucas.
A invisibilidade constrói retrocessos .
Tenham a certeza de minha solidariedade com as mulheres negras que enfrentam
desafios ao buscar posições de poder e que sofrem abusos, violências
psicológicas e sexuais.
É fundamental reconhecer a coragem dessas mulheres que, apesar das adversidades, continuam lutando por direitos e por um espaço onde possam exercer plenamente suas capacidades e talentos.
Violência alguma deve ser tolerada e, em nenhuma circunstância.
Todas as pessoas tem a responsabilidade de
apoiar e proteger as vítimas, além de trabalhar para a erradicação desses
comportamentos.
O caminho para um mundo mais inclusivo e respeitoso é longo,
mas, cada gesto de solidariedade e, cada voz que se levanta contra a opressão, fazem a diferença.