Por Mônica Aguiar
As práticas racistas representam um grave obstáculo ao pleno exercício da democracia e da cidadania das mulheres negras.As conquistas são dadas de maneira desproporcional, com isto, vinculam de formas diferentes e promovem de formas diferentes a segregação racial.
A mulher negra é a
principal vítima do racismo “estrutural” é alvo de violência e
discriminação, tanto no ambiente público quanto no privado.
Não é simples ter que enfrentar os desafios
adicionais do racismo em termos de acesso às oportunidades no emprego, na
educação, na habitação e na saúde.
Afirmar que existe
democracia é fácil. Garantir que o sistema democrático seja universalmente
inclusivo, enfrente e combata todas as formas de racismo e práticas racistas
estruturadas no setor público e no privado, é a questão.
Ao avaliar os
números e seus percentuais dos avanços econômicos e de bens sociais alcançados
nas últimas décadas, muitas narrativas de combate ao racismo acabam se
perdendo.
Na minha avaliação é imprescindível ressignificar a leitura da contribuição das mulheres negras à história brasileira. Mulheres que sempre desempenharam papéis fundamentais em diversas áreas, desde a luta pela abolição da escravatura até a promoção de direitos civis e sociais, sim. Também, o papel das mulheres negras na produção da economia e das riquezas, repetidas vezes subestimadas e invisibilizadas.
As mulheres negras também são pilares em diversos
setores econômicos, na ciência, tecnologia, inovação e, nos denominados setores
intelectuais. No entanto, apesar de sua contribuição significativa, a maioria
não tem acesso às riquezas que ajudam a gerar.
As barreiras
sistêmicas, como o racismo, machismo e sexismo, perpetuam desigualdades que
limitam suas oportunidades de ascensão econômica e social.
Mesmo quando alcançam
posições de destaque, as mulheres negras enfrentam disparidades salariais e
falta de reconhecimento. Frequentemente enfrentam barreiras sistêmicas que
incluem discriminações de gênero e a interseccionalidade dessas opressões
resulta em uma desvantagem econômica que perpetua diferenciadamente a
desigualdade.
Além disso, a
ressignificação dessas contribuições é essencial para a construção de novas narrativas.
Reconhecer, celebrar
as conquistas das mulheres negras não é apenas um ato de justiça
histórica é também um passo crucial para garantia dos direitos civis, a fim
que as futuras gerações continuem essa jornada de resistência e transformação
sendo protagonistas e tenham visibilidade e conhecimento do seu papel.
A proteção contra
violações de direitos, especialmente a violência sexual, e a descriminalização
de comportamentos considerados ilícitos são frequentemente negligenciadas no
Brasil devido a uma combinação complexa de fatores. Aspectos morais e religiosos estão
profundamente enraizados na sociedade e influenciam a inteligência pública e as
políticas adotadas por alguns gestores públicos.
A cor da pele continua
a ser um fator determinante na classificação do potencial educacional e
político das mulheres, perpetuando desigualdades que limitam seu acesso a
direitos garantidos constitucionalmente.
Como assegurar que
todos os direitos sejam efetivamente garantidos, independente da cor da pele?
O cenário político no
Brasil, reflete e fomenta mecanismo sistêmico de discriminações que restringe
as possibilidades de ascensão social e inibem a participação em espaços de
poderes.
O Brasil, ao assinar
diversos tratados e convenções internacionais, evidencia seu compromisso em
enfrentar problemas sociais profundos e persistentes. A adesão a acordos de
combate à escravidão, ao racismo e às desigualdades de gênero é um
reconhecimento explícito da existência desses males crônicos na sociedade
brasileira. Estes tratados sinalizam uma intenção de mudança, representam um passo fundamental para a criação de políticas públicas
verdadeiramente justas e inclusivas.
No entanto, a
assinatura desses documentos foi apenas o primeiro passo; a implementação
efetiva das medidas propostas é crucial para a real transformação social. A
conscientização de Governos e gestores sobre responsabilidades assumida no Estado brasileiro e, a atuação contínua da sociedade civil são igualmente
essenciais para garantir que essas promessas se traduzam em melhorias concretas
na vida das mulheres negras.
As abordagens punitivas
e conservadoras, estruturadas no racismo, contribuem para a perpetuação de
pensamentos preconceituosos e práticas discriminatórias que violam direitos das
mulheres em todas as fases de sua vida. Essa realidade dificulta a
implementação de ações eficazes de proteção, atrasam com a revisão de leis que
criminalizam comportamentos. Portanto, é crucial promover um diálogo aberto e
inclusivo, que desafie essas influências negativas e trabalhe em prol de uma
sociedade mais equitativa e respeitosa aos seres humanos negros.