Por Mônica Aguiar
A situação das desigualdades
raciais perdura por décadas, com graves violações dos direitos humanos e
descumprimento de Leis, estatutos, tratados e convenções assinados pelo Brasil.
Não existem evidências de
melhoria nos índices de vítimas da violência direta, indireta, institucional e
estrutural.
O número de pessoas invisibilizadas cresce cada dia no Brasil. É sobre a invisibilidade da população negra em situação de pobreza e extrema pobreza que vou falar.
Ao falar das pessoas na
sociedade brasileira que são consideradas invisíveis dar impressão que estamos falando de outro país ou apenas
um grupo segmento estruturalmente.
É preciso amplitude dos
pensamentos para identificar os valores, cultura e economia desta camada da
população brasileira, estrategicamente depositada na invisibilidade que também é indiferentes aos olhos de grande parte da sociedade e maioria dos governantes.
Ao falar das pessoas negras é preciso entender o sofrimento e exposição
permanente provocados pelas variantes e níveis de violências, somados a todos
os indicadores de desigualdades na: saúde, educação, política, habitação, na
justiça e programas sociais.
Não vejo como falar desta camada
expressiva da sociedade se não for analisada todas as evidências existentes, da
histórica desigualdades raciais. Do direito a vida, a segurança e cidadania.
Ao falar da função da
invisibilidade não podemos permitir pensamentos ideológicos e sim científicos.
Ao analisar algumas falas e
publicações neste 20 de novembro em 2023, percebo naturalização nas ações e falas que pincelam a redução das desigualdades na educação, saúde,
habitação, miséria, pobreza e desemprego e subemprego, de forma individual e
aleatória a partir de um simples recorte.
As mulheres negras estão em
maioria presentes na camada dos invisíveis. Carregam no corpo durante sua vida
os resultados da tripla soma de todas as desigualdades e violências existentes.
Em silêncio. Imperceptíveis para não incomodar.
E para justificar o
injustificável, sustentar a tese de superação a partir do esforço próprio e dos
conceitos pejorativos de auto estagnação, ainda temos que deparar com exemplos
aleatórios de pessoas negras com superações econômicas e grandes projeções
acadêmicas.
Invisibilizam, sustentam e
naturalizam as causas e consequências de todas as mazelas e funções servis dos
trabalhos análogos ao período da pós-liberdade e do período da escravidão.
Ser livre sem ser, sem ter, sem
poder viver e sem existir.
As reparações dos danos causados
pela escravidão não é utopia das organizações sociais, dos movimentos negros e
de mulheres negras, é mais que urgente no Brasil.
Mônica Aguiar é uma blogueira negra feminista, jornalista, professora, militante a 45 anos, mantém o Blog Mulher Negra desde 2010, com “notícias do Brasil e do mundo diariamente. Educação, ciências e tecnologia, cultura, arte, cinema, literaturas, economia, política, dentre outros. Construindo a visibilidade das mulheres negras em fatos reais no mundo”.
Um comentário:
Sua postagem é um exemplo radiante de brilho! Esclarecedor, bem articulado e verdadeiramente valioso. Obrigado por compartilhar vocêsua perspectiva.
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