Por Mônica Aguiar
O mês da Consciência
Negra no Brasil é o mês que marca e destaca ações da luta dos negros contra o
racismo, discriminação e preconceitos raciais. Muitas divulgações estão
colocando o mês e Dia da Consciência Negra como data de comemoração, de fato
não é.
Esta data aponta para
uma série de reflexões, sobre a péssima situação socioeconômica do povo negro
na sociedade brasileira.
Afinal, mesmo pós a
tão comemorada libertação da escravidão, a maioria da população negra e
principalmente as mulheres negras continuam obrigadas a conviver com a
vulnerabilidade social, sem acesso aos diretos fundamentais garantidos pela
Constituição do Brasil.
O mito da democracia
racial se tornou uma ideologia, mantendo-se cada dia mais viva, condenando
cotidianamente o povo negro a exclusão da vida social, segregadas
economicamente e diretamente atingida das múltiplas formas de violências.
Em apenas quatro
anos, o número de pessoas negras na pobreza e extrema pobreza dobraram no
Brasil. Estes dados tem como base informações da ( PNAD Contínua, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE ).
O meu ver, matérias e
chamadas que buscam falar do mês da consciência negra de forma comemorativa,
demostram uma grande falta de conhecimento sobre a Lei10639, a falta de interresses
de buscar informações corretas.
Quando o assunto em
pauta é a população negra, chavões, frases postas, mal copiadas, sem sentido
hitorico, palavras pejorativas, conteúdo criminalizador são muito utilizados.
É preciso mudar os
conceitos nos meios de comunicações. Utilizar linguagem que retratem o 20 de Novembro
como dia de denúncia, protestos contra as violações dos direitos humanos,
direitos civis da população negra e abordem com firmeza, sem melindres as
dificuldades encontradas pelo povo negro para exercer a cidadania.
É preciso buscar o
conhecimento correto. Dar voz a quem tem conhecimento. Visibilizar as pessoas que
lutam historicamente pelo combate ao racismo, pois detém conhecimento técnico,
científico e político, seja através da academia, oralidade ou experiência
adquirida com a vida e militância.
Para a juventude que
tem demostrado protagonismo e despontado a visibilidade, principalmente
acadêmica é preciso, fomentar agendas que tenham conteúdo que mecham com as
estruturas do Estado. Pautas que coloquem o reconhecimento do povo negro destes
pais como cidadãos e não meros figurantes. Que fale da cidadania, que retrate
as desigualdades e coloque a importância do acesso às riquezas, que dialoguem
com a sociedade sobre a prática do racismo, mas também sobre a naturalização
deste crime e a falta de cumprimento com as leis, tratados e convenções que o
Brasil assinou. Que fale das reparações!
Diminuir a
importância do mês da Consciência Negra e folclorizar o dia 20 de novembro é
uma prática racista e negacionista. A luta do movimento negro pelo
reconhecimento por parte do Estado do dia 20 de novembro vem se arrastando por
dezenas de anos. E ainda assim, mesmo com alguns avanços ou arranjos sociais e
estruturais, existem muitas prioridades para garantir a igualdade entre negros
e não negros no Brasil. As desigualdades raciais estão aí, demostradas em cada
ser humano negro que morre nas mãos das polícias, nos rostos de quem não tem
moradia, nas mãos de quem trabalha sol a sol, na pele negra de quem não tem saúde
pública e específica, de quem usa transporte público, não tem saneamento, não
tem emprego ou estar no subemprego e nos altos números de mortes maternas e
evitáveis, dentre tantas.
As desigualdades
raciais estão verbalizadas nas palavras e falta de vontade política de
governantes que não priorizam as políticas específicas. Não aceitam a
existência do racismo e das desigualdades porque não querem. Mudaram os
formatos, fórmulas e estratégias, mas tem desde a escravidão a mesma intenção
social, politica econômica contra a população negra.
É um absurdo e
vergonhoso o crescimento da população negra na pobreza e extrema pobreza no
Brasil nos últimos 4 anos.
Os esforços para a
construção social, o desenvolvimento da identidade em pessoas negras, o combate
ao genocídio e a criminalização de jovens negros, oportunidades, igualdades
salariais, reconhecimento das especificidades, acesso ao poder, a política,
acesso às políticas públicas, o exercício da cidadania, ainda são pautas
vigentes e estão colocadas desde (pós) escravidão pelo movimento negro e de
mulheres negras.
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