segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Setembro de Luta pela Legalização do Aborto!


 Por Mônica Aguiar 

Os direitos sexuais e reprodutivos é pauta em palcos de luta das mulheres anos e anos.

Em 2002 a saudosa médica Fátima de Oliveira, entre tantas brilhantes entrevistas, afirmou:

  As interdições ao aborto não impedem a sua realização, apenas tornam-no clandestino e inseguro. Os fundamentalismos de caráter religioso, patriarcal ou machista, reconhecem que suas proibições revelaram-se, historicamente, impotentes para impedir a decisão de abortar – em todos os tempos e em todas as sociedades estudadas, o aborto é uma constante –, então, fazem o que lhes resta: são contra mesmo é que haja leitos hospitalares públicos para o aborto seguro!

Direitos que historicamente foram negados em relação à mulher com muita luta, e muitas marchas começaram a ganhar importância nos debates públicos e jurídicos. Dentro os principais temas sobre saúde das mulheres, os temas que envolvem a autonomia sobre o corpo, decisão, liberdade e igualdade.

O Brasil também é incluído na lista de países onde existem desigualdades no acesso à saúde da mulher.

Da fala de Oliveira até o momento, são exatamente 20 anos, o que estamos vivenciando é o retrocesso do que pouco se conquistou nos direitos sexuais e reprodutivos. Cuidando da Coisa Pública segundo as circunstâncias e utilizando de justificativas baseados em conceitos subjetivos, valores morais e religiosos criam empecilhos que impactam diretamente a vidas das mulheres.

A falta de evidências científicas nos discursos da atual gestão pública e política tem se tornado algo gritante e ofensivo em toda as mulheres independente da idade.

Ao falarmos de direitos sexuais e reprodutivos é preciso falar de muitas outras questões, muito maiores do que valores morais:  Direitos civis e Direitos Humanos, bem estar físico, mental, econômico, social e político das mulheres. Tudo junto e misturado.

“A questão da sexualidade e reprodução tratam com dimensões a cidadania, permitindo que as mulheres tenham liberdade no exercício de sua sexualidade”. (Jornal Politize/Equidade)

O governo Bolsonaro e o Congresso Nacional avançam para inviabilizar o acesso ao aborto legal pelo SUS com o objetivo de fortalecer sua criminalização, colocando o aborto como ato “atentatório” à família.

A proteção contra violações de direitos, em especial contra a violência sexual; à descriminalização de comportamentos considerados ilícitos são deixados de lado dada a forte influência de componentes discriminatórios e punitivistas na gestão nacional de saúde pública. Direitos como: autonomia, privacidade e intimidade são deixados de lado.

O sistema internacional de proteção aos direitos humanos está expresso em tratados, convenções e pactos que têm força de lei nacional nos países membros da ONU; também está expresso nas Recomendações, Resoluções, Declarações e Planos de Ação de Conferências internacionais que compõem o que poderíamos denominar de doutrina jurídica internacional de proteção aos direitos humanos. São esses instrumentos que devem servir de norte para a elaboração e interpretação das leis dos países membros da ONU”. (DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS: O DIREITO AO ABORTO LEGAL E SEGURO Leila Linhares Barsted)

A integralidade e equidade são princípios do SUS, devem ser adotados como norteadores para garantir avanços e consolidação no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento inseguro e no combate à violência doméstica e sexual.  

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