Por Mônica Aguiar
Mulheres negras que estão ocupando espaços de poderes, ativistas,
acadêmicas, lideranças comunitárias, incomodam muito. Mas qual o significado deste incômodo existente?
Das relações no mercado de trabalho, dos serviços gerais as produções
audiovisuais para uma mulher negra conquistar espaços, ser respeitada é desde
sempre muito difícil.
Então porque uma mulher negra em silêncio incomoda menos? É mais aceita do que uma mulher negra que tem o dom da fala, tem opiniões, produz
reflexões ou é questionadora?
O tema do silêncio e local de fala das mulheres
negras estão cada dia mais aculturado e associados a estimas, beleza estética, elegância
social que são conduzidos unicamente pelos padrões eurocêntricos, comerciais e
robotizados.
Por quantas vezes ouvimos certos comentários:
- Já vem aquela chata; Tudo que faz é associar questões gerais das
mulheres negras ao racismo, mero vitimismo; Aja paciência para ouvir tantas asneiras.
Por quantas vezes já percebemos quando uma mulher negra fala: - Rostos distorcidos, gestos de desqualificações e reprovações. Tempo para expressar a fala sempre menores que das mulheres e homens brancos ou cronometrados com total exatidão. Em palestras a falta de manifestações e envolvimento independente do tema abordado.
O silêncio é um assunto imposto como delicado para que nenhuma
mulher negra “ouse a falar” deste formato de opressão racista.
As mulheres negras quando ocupam espaços que são predestinados a uma pessoa branca são solitárias. Evitam exposições. As que trabalham com publicidade são extremamente criticadas pelo que vestem, usam e de como se comportam.
Tudo em
uma mulher negra incomoda e causa inquietações.
Eu digo que somos consideradas e vistas como estátuas. Projetadas
para ficar quietas, em silêncio, sem raciocínios e posições. Robôs sem vontade,
dor, qualquer sentimentos, sem reclamações, fazendo absolutamente tudo que
mandam.
Uma movimentação naturalmente enraizada pelas estruturas e solidificada
nas relações interpessoais existentes na temporalidade da história
civilizatória da humanidade negra.
Certas posturas e condutas são determinantes no imaginários das
pessoas e impulsionam a existência de igualdade universal. É fundamental identificar
os formatos que promovem o silêncio nas mulheres negras e que ocorrem independentemente
do nível intelectual, cultural, social e ou econômico.
A solidão intelectual e política são muito mais perversa que de
escolhas amorosas. Os reflexões são danosos, desastrosos e cruéis. Refletem diretamente nas gerações independente da classe
social.
Na política as falas impedidas de ser pronunciadas e não ouvidas,
traduzem na falta de acesso das políticas fundamentais. O lugar de fala de uma mulher negra ainda
estar no silêncio e invisibilidade reproduzida dentro dos partidos políticos.
A coletividade faz parte da nossa vida ancestral. Esta hierarquia
racista cultural existente nos proporciona o silêncio como medida para sustento
da relações com a sociedade onde um fala e a outra cala e o poder de escravização
continue se perpetuando.
2 comentários:
É muito chocante como essa realidade é tão comum. Isso tem que acabar! Obrigada por denunciar isso sempre e por promover essa reflexão. Você é inspiradora e sua fala e luta são fundamentais. Vamos juntas! ✊����
Obrigada Polly.
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