terça-feira, 23 de junho de 2020

Brasil, um pais marcado por escândalos políticos e violência racial


Por Mônica Aguiar 

O número de denúncias de abusos cometidos por policiais militares no Brasil sempre foram altos. 
Graças ações de várias pessoas comuns, contrárias a tais práticas arbitrárias, gravações de cenas violentas em abordagem policial, tem chegado em setores importantes, chamado a atenção de gestores em segurança pública a tomar atitudes sobre as práticas que podemos definir como filtragem racial.
Mas para vários especialistas e, se, considerarmos os dados estatísticos 2019 e 2020 o uso excessivo da força nas operações policiais permanecem com grandes desafios.
Infelizmente existe uma grande falha de pensamentos entre o que se pode no cumprimento da função e o que não se deve fazer.
A legislação brasileira trata todas as ocorrências intencionais, em centenas de casos que envolvem policiais, mas, em maioria não há um afastamento penal. 
Com isto, muitos sente-se livres para tomar a atitude individual que achar melhor no momento da abordagem.
O que temos vivenciado cotidianamente são ações de policiais que ultrapassam os limites de atuação estabelecidos pela Lei no cumprimento do mandato legal. 
Torturas, falsos testemunhos, intimidações, ameaças, extorsões são práticas daqueles que se sentem livres para cometer crimes bárbaros.
Para muitos especialistas existe a “urgência em fazer revisão de protocolos, de modo a garantir a vida como principal valor tutelado pelo direito brasileiro. 
O monitoramento por parte do Ministério Público Estadual, que não deve se eximir de cumprir com o seu dever de controle externo da atividade policial e investir em ações de requalificação profissional que conscientizem nas sequelas deixadas pelo uso da força”.
No estudo Democracia e Violência Policial publicado em 2005, afirma que “Para se falar em violência policial é necessário entender o significado de abuso de autoridade” e cita trechos onde “ Oliveira e Tosta (2001, p. 60), que afirma que o termo abuso apresenta a idéia de excesso, injustiça e violação em relação às normas. Já o termo autoridade constitui a idéia de direito de se fazer obedecer, aquele que tem por encargo fazer respeitar as leis, ou representante do poder público".
Governadores e o próprio Presidente do Brasil, defendem ações enérgicas e repressivas das polícias e seus seguidores são adeptos as práticas de violência extrema. 
Não aceitam o importante papel dos direitos humanos e os efeitos colaterais que uma polícia sem controle pode provocar em toda a sociedade.

Estamos vivenciando um grande retrocesso na sociedade. 

Tudo que é condenável, ruim, desrespeitoso e abominável nas relações humana estão se aflorando como práticas e condutas naturais.

Ainda no Estudo “Democracia e Violência Policial”, podemos observar uma citação de [Gaspari (2002), .....[ as raízes da concepção do uso da força pelas corporações policiais brasileiras remontam ao período da ditadura militar. Naquele período havia a predominância de duas concepções sobre a segurança nacional. 
A primeira relacionava-se com o pensamento absolutista da segurança da sociedade, ou seja, o país está acima de tudo, portanto vale tudo para combater aqueles que o ameaçam. 
A segunda concepção referia-se à funcionalidade do suplício: havendo ameaça, os militares entram em ação, as pessoas falam e o "terrorismo" acaba.]...

Concepções de segurança pública adotadas e reafirmadas nas declarações de atuais Governadores e do Governo Federal são exemplos do tamanho do abismo existente. 
Com discurso subjetivo, criminalizador e de dominação da coisa pública, este Governo induz nas pessoas pensamentos que governos e corrupção são as mesmas coisas e que todos os parlamentares e partidos políticos são igualmente corruptos. Se colocam acima do Estado Democrático e da Constituição brasileira. Seus seguidores ficam tão à vontade com tais declarações que se sentem no direito de promover manifestações e atitudes extremistas e violentas, sem o menor respeito pelos poderes e principalmente pela Nação que governam. 

Com isto, crescem sistematicamente os índices de violência no Brasil. 

 O Pacote Anticrime do ex-juiz e ministro da Justiça, Sérgio Moro, estava focado em punir o crime do que em estratégias para impedir que ele acorressem.   Visava atacar três questões centrais: a corrupção, o crime organizado e os crimes violentos.  Ao considerarmos os últimos acontecimentos no Brasil, o discurso esta distante da realidade  
A família do Presidente da República cada dia mais se aprofundam em grandes escândalos ligados a corrupção, crimes organizados dentre outros, notórios nos meios de comunicações.

Papel da mídia

São inúmeros os casos denunciados de contravenção policial.
Muitas imagens expõem além da violência, a naturalização de ações criminosas.
A mídia pode e deve tratar de forma humanizada as denúncias ou simplesmente estimular de forma indireta as violências acometidas.  
Neste momento de crises e escândalos políticos, institucionais e estruturais é importante que a mídia se conscientize em contribuir de forma a diminuir as disparidades de violência policial existentes e conscientizar a sociedade das mazelas existentes do racismo.  
Para isto, seria necessário repensar o formato das matérias e publicações, as exposições realizadas de corpos humanos, sem culpabilizar as vítimas, sem criminalizar o local de moradia, sem gerar desconfiança, reafirmar a tese da suspeita em primeiro lugar e fortalecer estereótipos excludentes e criminalizatórios existentes na filtragem racial.
Naturalizar a violência não é o melhor formato por mais que a intenção seja de informar e denunciar fatos ocorridos.

Os Ministérios

O Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos coordenado por Damares Alves, foi acionado no último 12 de junho , pelo Ministério Público Federal  à responder sobre a não divulgação na página do Ministério os indicadores de violência da polícia praticada no Brasil em 2019,   do relatório anual do Disque Direitos Humanos . 

Este relatório é um instrumento extremamente importante para analises e detectação de violações em direitos humanos, racismo e filtragem racial.

Mas infelizmente são pautas que não passam perto dos propósitos deste Governo que sustentam com tais atitudes as práticas de racismo institucional.

Qualquer que seja a as práticas de racismo, filtragem racial, mortes violentas, ocorridas no mundo e no Brasil praticados por policiais, não se vê uma manifestação dos Ministérios e Secretárias específicas deste Governo.

De fato, podemos observar uma série de ataques, reafirmações com conteúdo violentos e racistas que estimulam agressões contra população negra, sua cultura e religiões. 
Um exemplo foi a última declaração do Presidente da Fundação Cultural Palmares, ao se referir à Adna dos Santos ( Mãe Baiana) , atualmente coordenadora de Políticas de Promoção e Proteção da Diversidade Religiosa da Subsecretaria de Direitos Humanos e Igualdade Racial no Distrito Federal. O Presidente da Fundação Palmares foi extremamente violento com uma mulher negra, racista e intolerante, além de deixar “claro” aos seus comandos e agentes públicos que compactuam com esta ideologia governamental, seu papel de perseguição política aos militantes do movimento negro.

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