terça-feira, 19 de outubro de 2010


No Brasil produziu-se a forma mais perversa de racismo que existe no mundo, mesmo sendo composta pela maior população negra do mundo  fora da Àfrica.
A assertiva dita e repetida muitas vezes por lideranças do movimento negro chega a ser chocante para a sociedade brasileira, que desde o final do século passado acostumou-se a representasse através da imagem de um paraíso racial, criado por elites brancas e laboriosamente inscritas e arraigadas no imaginário social, inclusive com a colaboração de eminentes cientistas sociais, o mito da democracia racial que se supõe existir no Brasil foi, provavelmente, um dos mais poderosos mecanismos de dominação ideológica já produzidos no mundo.
Apesar de toda crítica que o Movimento vem fazendo ao longo de décadas, o Racismo  até então permanece bastante atual. Irraigado com várias formas que fazem com que as pessoas o pratiquem inconscientemente.
Reforçando  inclusive, a negação da nossa cultura ancestral, criando intolerância com as religiões de matrizes africanas. 
Por meio do racismo ainda ressalta-se o caráter miscigenador da sociedade brasileira: um povo mestiço, misturado, tolerante, aberto aos contatos inter-raciais.
Esta aparente arrumação na sociedade brasileira como sendo o “paraíso racial” não significa que não tenha havido resistência por parte da população negra de forma organizada,  ao modelo de dominação.  A formação dos quilombos e a participação dos negros em todas as insurreições ocorridas no país no século XIX, demonstram essa resistência.
Entretanto, o Estado constituído sempre mostrou competência para sufocar as resistências de caráter mais coletivo e com abrangência maior que pudesse ser ameaça ao poder estabelecido.
Destituídos os focos de resistência dos africanos o processo de aculturação a que são submetidos os seus descendentes efetua-se no sentido de garantir a cultura euro-ocidental, na qual a população negra é forçada a integrar.-se. A crença nos “mitos” faz com que tenhamos uma leitura de naturalização de fenômenos que foram construídos histórico e socialmente.
Mas o movimento negro brasileiro tem como  missão: -  desvendar os olhos da sociedade e tirá-la do torpor – a fim de que ela possa enxergar e se dar conta de suas próprias mazelas – há muito vem chamando atenção para as desigualdades sociais, e mais: que desigualdade possui “cor”, ela é parda, ela é negra.
Vêm chamando atenção sobre a intolerância , a discriminação e o preconceito.
Vem  chamando a atenção da importância de viver em um Estado laico onde todas as crenças e cultos sejam respeitados, com os mesmos direitos de se manifestarem sem prejuízos materiais e morais.
E que oportunidades não podem e nem devem servir para uns em detrimentos de outros.
Para nós a oralidade sempre foi o instrumento da sobrevivência da nossa cultura. Pois foi negada a nossa história nos livros e nos bancos as escolas. 
Portanto, cabe ao Estado, o mesmo Estado que teve e que tem um papel importante na reprodução de relações sociais estruturadas racialmente, o desafio de transformar-se em instrumento de ação política anti-racista.
E um dos caminhos, decerto, será as REPARAÇOES através das implementações de políticas de ação afirmativa e pública que visem a valorização efetiva da população negra.

Nenhum comentário:

MAIS LIDAS