segunda-feira, 3 de junho de 2024

Avanços sociais não chegam na ampla maioria dos lares chefiados por mulheres negras.

 Por Mônica Aguiar 

Foto:CERCUNVN
As Mulheres negras são 28,5% da população total e recebem 10,7% do total da renda do trabalho no Brasil. 
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, faz menção a 'baixa longevidade' e 'menor possibilidade de estudo' para elas. 

Mesmo sendo o maior grupos da população no Brasil, mais de 60 milhões, 28,5% dos brasileiros, estão longe dos ganhos em desenvolvimento humano no país. 

Apenas 10,7% do total da renda recebida pela oferta de trabalho no país é destinado às mulheres negras.

As mulheres negras correspondem o maior percentagem de brasileiros em idade ativa: 48,3 milhões, ou 28,4% do total e formam grupo menos beneficiado por avanços sociais.

Estes dados fazem parte da Pesquisa realizada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgados em 28 de maio, Dia Internacional de Ação Pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.

Revelam as violações por fatores externos que influenciam diretamente o cotidiano de vida de cada uma. Das esferas públicas à vida privada.

Conforme a Pesquisa: “Essa condição desfavorável também afeta seus dependentes, tornando-os suscetíveis a menor frequência escolar, menores anos de estudo e participação precoce no mercado de trabalho ou, ainda, ao trabalho infantil”.

Em idade ativa, enfrentam as piores formas de inserção, remuneração e qualidade de postos de trabalho. 

Dessa forma, formam um grande grupo, cuja maioria tem uma renda mensal inferior, complementada por programas sociais assistenciais.

A falta de acesso aos programas de saúde sexual e reprodutiva é confirmada com os números de filhos existentes nestes lares. O grau de responsabilidade no sustento e cuidado com a família é um dos fatores que afastam as mulheres negras da escola e têm como alternativa o subemprego.

Vitimismo ou realidade condicionada? Mesmo sendo a maioria que acessa o Bolsa Família, nestes lares predominam algum tipo de insegurança alimentar.

Pretas e pardas dedicam mais tempo às tarefas domésticas, têm menos participação no mercado de trabalho e são nomes contados nos dedos que ocupam cargos de poder ou de  decisões.

Qual o papel do Estado em reparar os danos provocados por mazelas da escravidão?

Qual é a responsabilidade que uma mulher negra tem, para diminuir as desigualdades buscando trabalho em uma sociedade onde a maioria das pessoas faz a escolha para ocupações de cargos utilizando dos mesmos valores morais e raciais existentes no período escravagista, definindo quem entra, permanece, avança, sai ou tem ganho salarial devido? 

As mulheres brancas tem mais facilidade de conseguir se emancipar da tarefa de cuidado. As mulheres negras estão cada vez mais atarefadas e expostas a todos os níveis de violência.

O que compete aos Governos? Será mandar “fechar a porteira”? O que significa fechar a porteira? 

Quando analisamos as sequelas de um dos maiores crimes contra a humanidade já cometidos, a escravidão, compreende-se que o Estado brasileiro ainda não fez nada para promover as reparações.

Qual resposta o Estado poderá oferecer aos séculos de injustiças provocados pela existência a da segregação racial?

As ações afirmativas efetivas são fundamentais para garantir a eliminação dos obstáculos raciais existentes nos aparelhos do Estado e nas estruturas governamental.

Fontes: PNDU/G1/ IBGE


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