sábado, 6 de outubro de 2012

Fifa ameaça venda de acarajé em jogos da Copa 2014


Por Daiane Souza
  As recomendações da Federação Internacional de Futebol (Fifa), para o comércio durante a Copa do Mundo de 2014, podem comprometer a promoção de um bem brasileiro tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio imaterial, o acarajé. Caracterizado como comércio ambulante, além de ter sua venda permitida somente a partir de 2km do perímetro dos estádios, o tradicional bolinho ainda terá que concorrer com os hambúrgueres produzidos pela rede McDonald’s,  patrocinadora oficial da Fifa. 
Sobre esta questão, a presidente da Associação das Baianas de Acarajé e Vendedoras de Mingau (Abam), Rita Maria Ventura dos Santos, não se conforma com a hipótese de não haver baianas vendendo acarajé na Arena Fonte Nova, estádio que abrigará os jogos do mundial, em Salvador. “Eram oito credenciadas lá dentro que tiveram que sair devido à obra do estádio. Agora que está tudo novo vão retirar as baianas?”, questiona. Ela reforça que até o momento ninguém as convocou para conversar sobre a situação.  Rita Maria alertou que a maior ameaça está na proposta de que, se acontecer a possibilidade de venda dentro dos estádios, os acarajés sejam levados já fritos para o local e aquecidos em fornos de micro-ondas, prática que já ocorre em outro estádio local, mas que descaracteriza o tradicionalismo da feitura do alimento. “Alegam que há risco para os torcedores. Se for assim, era proibido venda de acarajé no Carnaval. Nunca soube de ninguém queimado com azeite nestas festas”, diz a presidente da Abam.
Eloi Ferreira de Araujo, presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), considera essa decisão destoante da cultura afro-brasileira. “É um desconhecimento absoluto da contribuição dos negros para a identidade nacional que está na música, artes e gastronomia”, afirma. “Vamos inicialmente buscar a Fifa para apresentar a importância da cultura afro-brasileira e assegurar o direito dessas manifestações estarem presentes nos eventos da Copa”, completou.
“É o momento de dar visibilidade ao nosso país, de valorizar a nossa raíz e nossa identidade. Principalmente, porque dentro do futebol brasileiro os maiores fenômenos são negros, a exemplo de Pelé, Ronaldo, Romário e tantos outros ”, disse. 
Defesa – De acordo com Liliam Pitanga, chefe de gabinete da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014 (Secopa), ainda não há certeza sobre o local onde as baianas ficarão durante os jogos. “Mas elas serão contempladas”, afirmou sem assegurar se elas ficarão dentro ou fora do estádio. Lilian adiantou que a Fifa participa de discussão para solucionar o problema mas que ainda não há informações concretas.
A chefe de gabinete garante que estão sendo oferecidos cursos para as baianas e outras categorias, como os taxistas e que cinco mil pessoas foram inscritas em cursos de inglês, espanhol e língua brasileira de sinais (Libras). Porém, a Secretaria Estadual do Turismo (Setur) que inscreveria cinquenta baianas para um curso de formação previsto pelo Ministério do Turismo (MT), ainda não ofereceu previsão de quando este ocorrerá.
A presidente da Abam chama a atenção para o atraso nos cursos de preparação programados pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Segundo Rita Maria, a proposta garante a formação de 300 baianas para o serviço de receptivo, mas calcula que com os atrasos no cronograma, este número não será alcançado. 
Edição : Mônica Aguiar 
LEMBRETE .
No Brasil , a maioria dos vendedores de rua que servem acarajé são mulheres, facilmente reconhecíveis pelos seus vestidos de brancos de algodão e lenços e bonés. A imagem das mulheres que são negras, muitas vezes chamadas simplesmente de "baianas", frequentemente aparece em obras de arte da região da Bahia .  Acarajé, é predominante na Bahia , mas estão disponíveis em vários outros Estados do Pais . O acarajé faz parte da nossa tradição cultural. Mais do que uma comida rápida de rua, o acarajé é indissociável da cultura do candomblé e da história dos africanos no Brasil. O ACARAJÉ é uma comida sagrada .

Mônica Aguiar 

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