terça-feira, 25 de setembro de 2012

População negra pode ser mais vulneráveis ao sofrimento psíquico


Cineastra tenta sensibilizar psicólogos para tendimento mais  adequado a população negra


O racismo historicamente imposto à população negra no Brasil é a principal causa do sofrimento psíquico, que afeta muito mais os negros do que os brancos. O alerta foi feito pela cineasta carioca Janaína Oliveira, mais conhecida como Re.Fem, militante do movimento negro e Hip Hop e consultora de entidades do setor durante sua participação na 2ª Mostra Nacional de Práticas em Psicologia, realizada em São Paulo. 

O evento, que terminou na amanhã do dia  (22), celebrou os 50 anos da regulamentação da psicologia como profissão no Brasil. 

A palestra de Janaína teve como objetivo  sensibilizar os psicólogos para um atendimento mais adequado a  população negra, que aos poucos passa a ter acesso a esses profissionais que cada vez mais atuam em serviços públicos de saúde mental, como os Centros de Atendimento Psicossocial (CAPs). 

“O Brasil é extremamente racista, os negros sofrem todo tipo de racismo, sendo desfavorecidos no acesso à saúde, à educação, ao mercado de trabalho", destacou Janaína. "Quando não consegue entrar na faculdade, por exemplo, tende a se achar incapaz de passar num vestibular. Do mesmo modo, se sente culpado por não obter um bom emprego, quando na verdade é o racismo que cria condições desiguais de acesso." Segundo a cineasta, essa cobrança por melhores resultados num contexto desfavorável, de racismo e discriminação, aumenta a angústia e sofrimento psíquico. "Os psicólogos devem ser sensibilizados para a questão e ser capacitados para atender a essa população de maneira mais apropriada", afirmou. 

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, promulgada em 2008, é referência para políticas públicas do setor. Segundo o documento, os negros têm o direito ao atendimento psicológico permanente do nascimento ao envelhecimento. "Muito embora os movimentos negros comecem a fortalecer a luta por esses direitos, eles ainda nem começaram a sair do papel". No evento, Janaína recebeu o prêmio Paulo Freire, que reconhece o trabalho de pessoas que se dedicam à defesa dos direitos humanos. 

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